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O Exterminador e sua Fatboy (foto: IMCDb.org) |
Este é o terceiro post da Série Harley-Davidson na minha busca pela melhor Harley para se ter. Comecei pela base com a 883 no post
Vibração boa, em que além de andar na moto pude entender o universo Harley-Davidson. Depois, mais recentemente tive a chance de conhecer bem o outro extremo, a V-Rod Muscle, e relacionar qualidade com aquilo que desejamos no post
Saia de zona de conforto. Entre a 883 e a V-Rod está o ícone da marca, a Fat Boy, o modelo que eu mais tinha vontade de conhecer de perto.
É fato que a própria Harley como marca já é um ícone e o estilo próprio de suas motos é facilmente reconhecido. Eu confesso que tento estudar e entender a linha Harley, mas são tantas combinações de motor, quadro, suspensão dianteira e traseira e acabamentos, com tantos nomes e famílias, que decidi ir fixando isso aos poucos. A Fat Boy faz parte da família Softail juntamente com os modelos Softail Deluxe e Heritage Softail Classic, todas com o motor bicilíndrico em V Twin Cam 96B, de 1.585 cm³, arrefecido a ar com 12,1 m·kgf a 3.000 rpm (a Harley do Brasil não divulga a potência). Nessa família, esse motor tem árvore de balanceamento para diminuir a vibração. Na família Touring a variação desse motor, o Twin Cam 103 de 1.690 cm³, que tem uma coxinização entre motor e quadro, não tem o balanceador. Comparei as duas e a Touring vibra bem menos, ou vibra diferente. É mais confortável.
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Fat Boy Special, menos cromados e mais preto fosco |
Bem, a família Softail tem esse nome devido a suspensão traseira, que fica escondida na parte de baixo do quadro deixando o desenho dessa família com a cara das motos bem mais antigas, que não tinham suspensão traseira. Mas além disso, essa suspensão é bem mais confortável que as outras que testei com suspensão convencional. Como muitas Harley têm as bolsas que cobrem as laterais, os chamados alforges, a gente acaba não reparando na suspensão. Mas essa é uma boa dica para começar entender os modelos.
Outra variação é a suspensão dianteira. Descobri que a Harley tem diversos tipos e diâmetros de garfo. Na Fat Boy usa um bem grosso, que junto com as rodas praticamente maciças e o grande farol, proporcionam um desenho mais encorpado e invocado, capaz de agüentar o Terminator! Repare na ilustração abaixo o conjuntinho bem compacto de mola e amortecedor (n° 2) que ficam entre o quadro traseiro e o quadro principal.
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Suspensão traseira da Fat Boy e outros modelos da família Softail |
É impressionante como algo tão compacto trabalhe tão bem. Eu gostei muito dessa suspensão, pois ela realmente é mais confortável que as outras Harleys que testei. Melhor que ela só a da Touring, que pude dar uma volta e comentarei mais abaixo. E ainda há diversos acessórios desse conjunto incluindo kits a ar e de rebaixamento.
Apresentada em 1990, a Fat Boy fez sucesso imediato e é um dos modelos mais vendidos da marca. A participação no filme
Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, de 1991, no auge do
Arnold Schwarzenegger, só fez o sucesso aumentar. A cena dele, como andróide T800 sendo perseguido pelo T1000 dirigindo um Freightliner é uma das cenas de ação mais legais de todos os tempos. Eu adoro essas referências!
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O quase indestrutível T800 e sua quase indestrutível Fat Boy (foto: IMCDb.org) |
Há uma lenda que circula por aí dizendo que o nome Fat Boy seria uma combinação dos nomes das duas bombas atômicas lançadas sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial, Little Boy e Fat Man. Achei muito estranho, pois que empresa faria uma homenagem dessas!? Se te contarem esse papo retruque, pois o museu da Harley-Davidson que preserva a história da marca negou essa história. Lenda urbana!
Fiquei com a Fat Boy uma semana e na idéia de aproveitar a mobilidade de uma moto fiz de tudo. Me senti até um motoboy. Mas com uma pequena diferença, todos os motoboys andam com desenvoltura, e eu tive que ficar preso no trânsito em diversas situações. Tá certo que ainda assim poupei um bom tempo, mas uma moto dessas não é para o trânsito pesado. Se ficar parado dentro do carro já é chato imagine em cima de uma moto com um motorzão 1.600. Ovos fritos na certa! Brincadeira. Não esquenta tanto assim, mas se o dia estiver quente prepare-se para suar muito.
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PK800 e sua máquina! (foto: Ademar) |
O modelo que testei é uma Fat Boy Special, mais bonita ainda com acabamentos em preto fosco e descanso de pés. Os descansos são até bons na estrada, mas na cidade dificultam muito a passagem em lugares apertados e entre carro e guias. Eu via os motoboys e os executivos em scooters sempre avançando. Talvez se eu fosse um pouco mais louco pudesse acompanhá-los. Mas não sou suicida. Ao menos eu me sentia um T800 e poderia trucidar qualquer um se eu quisesse. Para quem tem um caminho não muito longo e apenas quer ir e voltar para o trabalho ela vai bem. Mas quem quer fazer "serviço externo" com freqüência e quer uma Harley, vá de Sportster 883.
A Fat Boy não é difícil de usar. O centro de gravidade incluindo o piloto é bem baixo, pois a altura do assento é de apenas 69 centímetros. No campo minado de alguns bairros da minha amada cidade a suspensão traseira realmente me surpreendeu positivamente.
Mesmo pesando 313 kg ela é bem manobrável e fácil de controlar o equilíbrio em baixa velocidade. Coisa que é ruim na cidade é o pneu traseiro muito largo, 200/55R17 nesse caso. Com muita área de contato, ao passar por emendas de asfalto no sentido longitudinal a moto puxa e dá uns sustos. E eu também tomei um grande susto na primeira raspada do descanso de pé ao fazer uma curva mais inclinada. Acabem abrindo mais a curva e fui parar quase na guia da calçada. Sustão. No geral os comandos da Harley são bem pesados, para americano grandão. Mas na Fat Boy são mais leves que na V-Rod Muscle.
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Descanso para os pés, transmissão por correia e pneuzão. E cadê a suspensão? |
As Harley estão com um sistema sem chave, ou melhor, com chave de presença. Basta subir na moto ligar o seletor de ignição e dar a partida. Ao estacionar a moto pode-se cortar a ignição pelo botão no punho direito ou desligar direto pelo seletor. Basta se afastar para o alarme ser acionado. Bem bacana! Relembrando os tempos da minha CB400II, desligo no botão do punho. Um belo dia devo ter feito alguma besteira e desliguei a moto mas deixei a ignição acionada. Me afastei por uma hora e na volta nada da moto ligar. Descarregou a bateria não completamente, mas não tinha carga suficiente para movimentar o motor de partida. Pensei comigo: fácil, basta fazer pegar no tranco. Tá bom!!!! Os 313 kg e a força necessária para movimentar aqueles cilindrões só me fizeram suar muito e logo percebi que no tranco seria impossível! Pedi arrego e chamei uns amigos, bons amigos, que me socorreram com um cabo para fazermos a "chupeta". Sai fora! Sem piadas! Quem será que deu esse nome?
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Um amigo especial |
Um desses amigos é o japa legal do primeiro post, da 883, o Ademar e o outro foi o Ralf, que não anda de moto. O Ademar tem uma Touring com o motor 103, toda carenada, com pára-brisa e um monte de maleiros. Eu gosto de tirar sarro dele dizendo que ele tem todos os acessórios da Bepo. Mas é brincadeira. Muita gente gosta dessas estradeiras. Eu sou mais rebelde. Mas o Ademar, que também curte foto, me convidou para um passeio no final de semana. Era o que faltava para completar o teste. Afinal, as Harleys foram feitas para estrada.
Apenas um gostinho do passeio que fizemos
O torque desse motor e a caixa de seis marchas proporcionam um excelente elasticidade e respostas vigorosas e seguras. A faixa boa para viajar com pouca vibração é entre 2.000 a 3.000 rpm. A 120 km/h o motor está a 2.350 rpm e bem lisinho. Foi feito para ser assim mesmo. Dá para dar umas esticadas boas, mas acima de 3.000 começa a vibrar cada vez mais até atingir o corte a 5.500 rpm. Chegar nesse corte é uma experiência bacana que mistura prazer com medo...
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Raspando o descanso para pé (foto: Ademar) |
A frente é bem plantada e transmite segurança, e a posição de pilotagem é bem confortável e pouco cansativa. O velocímetro fica no tanque, fora do campo de visão e não há conta-giros com ponteiro. A rotação é indicada em um mostrador digital que pode mostrar também o hodômetro, autonomia e indicação da marcha. Na estrada sinuosa que pegamos eu pude me divertir, abstraindo um pouco a possibilidade de raspar o descanso de pé. Acabei raspando mais uma vez mas sem susto. Claro que nas estradas, retas ou sinuosas, a Fat Boy é bem mais feliz do que na cidade. Realmente uma delícia. Só não deu para pegar a estrada de terra que leva ao todo de uma montanha na região em que estávamos.
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Velocímetro ao centro, marcador de combustível a esquerda e chave de ignição mais abaixo |
Na volta desse passeio troquei de moto com o Ademar e peguei a sua Touring toda carenada. É uma moto bem mais macia, com um motor maior e ainda mais vigoroso. Mas toda a parafernália eleva demais o centro de gravidade e qualquer bobeada manobrando pode ser chão na certa. Tem que se acostumar com isso. Mas rodando a 120 km/h sem vento no peito é um Cadillac. Além de usar os adereços da grife Harley como lenço, jaqueta, camiseta e até piercing, o Ademar vive escutando um CD superbacana quando viaja. Tem vezes em que ele começa até a se remexer enquanto dirige, é um barato. O volume se ajusta com de acordo com a velocidade e é possível curtir uma boa música mesmo com capacete. Enquanto
eu rodava entrou uma seqüência muito bacana com
Led Zeppelin, Van Halen (Why can't this be love) e ACDC (You shook me all night long). Nessa hora eu pude me abstrair de qualquer coisa ruim e curti demais o momento. Sabe quando a gente se eleva a um lugar especial? Acho que isso é entusiasmo!
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PK800 se divertindo! (foto: Ademar) |
Como curiosidade, aquela pesquisa que fizemos com os leitores mostrou que apenas 20% de vocês tem moto. Mas de qualquer forma, acreditamos que os autoentusiastas gostam de máquinas bacanas mesmo que não tenham um moto.
Em resumo o que me separa da Fat Boy não é o desejo, mas sim os R$ 52.900 (ou R$ 54.000 da versão Special), pois fora esse detalhe, ela poderia ser minha. Com muito prazer. E para fechar o post uma sonzeira do Guns N' Roses, You Could be Mine, trilha do filme Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final.
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I'll be back!
Abraço, PK |
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Esses maleiros são muito cômodos, mas elevam muito o centro de gravidade. |
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O Cadillac do Ademar |
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PK fugindo do Freightliner |
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PK continua fugindo do Freightliner |
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Roda de alumínio "buracos de bala", um dos detalhes mais bacanas! |
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Praticamente um brasão |
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Preto com cromado, uma excelente combinação |
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Mostrador simples e retrô |
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Ela bem que poderia ser minha! |
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