10 DICAS SOBRE FOTOGRAFIA: CARRO + CELULAR + INSTAGRAM + VONTADE

Post feito originalmente para o AUTOentusiastas.



Esse é um daqueles posts não planejados que saem de um insight. Até um pouco fora de tema para a maioria, mas acho que cabe aqui. A maior parte de vocês sabe que eu não sou fotógrafo de formação e nem de profissão, mas sim de coração. Por isso eu não tenho pretensão nenhuma de me colocar como fotógrafo ou de achar o meu trabalho muito especial. Fotografia, assim como o design de automóveis, tem relação direta com o gosto pessoal. A única coisa que tenho certeza é que, na maioria das vezes, eu gosto do que faço. E que alguns leitores também gostam, pois recebo muitos incentivos. Então dedico esse post a todos que me incentivam, mesmo que em pensamento. E também como incentivo e a todos que têm alguma atração pela fotografia mas ainda não entraram nesse mundo. Eu preciso encontrar parceiros para dividir e compartilhar experiências!

A fotografia surgiu na minha vida em 2003 quando comprei minha primeira câmera digital. A idéia era apenas retratar minhas viagens de trabalho para a minha família. Mas o mundo digital foi se expandindo tanto, assim como os recursos, e também as viagens, que acabei adotando a fotografia como uma terapia e como uma maneira de expressão. Apesar de conhecer os fundamentos da técnica fotográfica (fiz um curso rápido em 2008) eu não sou nada técnico. Adoro o improviso, a experimentação, a tentativa e erro. Não gosto de carregar parafernália como tripé, flash, rebatedores etc. Por isso acho que jamais me tornarei um profissional. Gosto simplesmente de sair e clicar. Isso acaba sendo um objetivo ou pretexto para pegar o carro e rodar.

Eu já pensei muito sobre o que gera uma imagem interessante e sobre o papel do fotógrafo. Na verdade eu apenas roubo momentos que estão acontecendo no lugar onde estou. Não os crio! E o mérito do fotógrafo autoral é justamente estar em lugares onde imagens interessantes estejam acontecendo e encontrar essas imagens.

Fazer uma boa foto me gera uma sensação positiva. Dificílimo descrever isso. Uma das vezes em que senti essa sensação especial foi ao fotografar um MG. O dia estava maravilhoso, o carro era lindo, o cenário mais ainda e a luz estava perfeita. A melhor palavra para essa sensação eu descobri na letra de uma música: elação (estado do que possui magnitude; que é sublime; elevação). Comparando a sensação visual com algo tátil seria algo como passar a mão em um veludo macio e perfeito. viajando muito... mas é isso que sinto. 

Minha inspiração vem das capas de discos e dos livros de carros. Sou da época do vinil, e as capas dos álbuns sempre foram uma maneira visual de expressar o conteúdo das músicas ou a imagem dos artistas. As capas mais bacanas para mim eram as feitas pelo fotógrafo inglês Anton Corbjin, que trabalhou, entre outros, com U2 e Depeche Mode. Posso dizer que o trabalho dele ocupa um bom peso da minha bagagem cultural a a atração pelo formato quadrado.


Capa do álbum Achtung Baby, do U2, feita pelo Anton Corbjin em 1991.
Hoje o Instagram popularizou o formato quadrado e a aplicação de filtros 


Capa do álbum Exciter do Depeche Mode, também feita pelo Anton Corbjin, em 2001

Foto feita por mim, com um iPod touch e usando o programa
Instagram em 2011. Coincidência? Não, ressonância da paixão

Mas não é só isso. O desenho dos carros é algo muito intrigante. Desde que vi um Corvette Stingray pela primeira vez, com uns 9 anos, me apaixonei por carros. As formas, contornos da carroceria e os detalhes das peças como rodas, espelhos, faróis, grades etc, muitos, assim como eu, enxergam obras de arte aí. São feitas por escultores! Verdadeiros artistas. E isso torna o automóvel algo que vai além de uma máquina de transporte. Talvez eu devesse ter feito um curso de design e não de engenharia! Muitos dos leitores e quase todos os editores do Ae têm uma memória de elefante e conseguem guardar detalhes impressionantes sobre a mecânica, motor, dados de potência, ano de fabricação e tudo mais. Tenho uma certa inveja disso. Minha memória é muito mais visual e adoro ver os carros de uma forma mais holística. Um dia eu estava olhando um pôster gigante com a foto de um Mustang 68 tentando lembrar todas as especificações. Na hora eu não tinha certeza de nada a não ser de que eu acho esse modelo de Mustang o mais bonito de todos. 

Ao longo desses anos algumas pessoas se empolgaram junto comigo nesse hobby, mas quase todas não continuaram. A busca por imagens interessantes não é fácil. Requer muito entusiasmo, vontade, e ter uma certa inquietude que precisa ser acalmada com alguma atividade. Tem que ter paixão. Fazer fotos junto com pessoas que não estão interessadas é ruim. Tanto para essas pessoas quanto para o fotógrafo. Por isso, ao longo do tempo, aprendi que para eu fotografar bem, uma das condições é estar sozinho. Ou como meu primo AK, que entra na vibração junto comigo, que me incentivou a fotografar carros e que descobre imagens fantásticas e só não opera a câmera. Os melhores momentos dentro desse hobby foram com ele. Estar sozinho ajuda na abstração e concentração; não é necessário fazer concessões. 

Outra coisa interessante é que adoro fotografar escutando música. Me instiga a criatividade e me isola do mundo. Nem sempre é possível. 

Nas fotos dos carros para as matérias é bom estar com alguém, pois é preciso manobrar os carros e de alguém para dirigi-los para as fotos em movimento. Nesse caso é um trabalho diferente, e nem sempre me sinto satisfeito. O Bob também é uma companhia muitíssimo boa. Tem muita paciência e sempre ajuda muito. 

Já faz alguns anos que venho trocando minha Nikon por telefones celulares. A qualidade das câmeras de celulares aumentou incrivelmente e a capacidade de compartilhar instantaneamente me conquistou. Isso sem contar a praticidade. Há uma citação que diz que "a melhor câmera é aquela que está com você". Não escondo minha preferência pela linha Galaxy devido à facilidade na captação e edição (adoro as telonas e os aplicativos grátis). O Instagram também foi fundamental para criar essa tendência. A fotografia de rua (sair com o celular por aí e retratar o cotidiano) tem sido a minha preferida. Assim surgiu o trabalho #buracosdesampa que já apresentei aqui em outro post.

A idéia desse post veio da promessa que fiz há um tempo sobre algumas dicas de fotografia. Nunca as tive formatadas, mas agora elas vão sair de supetão!

Dez dicas do PK sobre fotografia para iniciantes

1- O seu equipamento é o que menos importa
A vontade, a atitude, a inquietude e o entusiasmo é que vão determinar o seu sucesso. A qualidade de uma foto em um sentido mais amplo não está no número de pixels ou na qualidade da lente, mas sim na criatividade. Eu "adoro" quando alguém chega para mim dizendo que minha câmera é fantástica! Rio por dentro. Use o que você tiver a mão, vale qualquer equipamento, de um iPod a uma câmera profissional.

2- Pratique muito
O olhar é algo que vai sendo desenvolvido à medida em que praticamos. Observe muito. Descubra fotógrafos que você gosta. Inspire-se neles. Tire a máxima quantidade de fotos que puder. Gaste muito tempo selecionando as melhores. Faça pastas com elas. Veja e reveja essas fotos de tempos em tempos. Analise o que ficou legal e tente refazer isso. Volte nas mais antigas de tempos em tempos e veja sua evolução. Essa atividade de seleção é importantíssima. Compartilhe e veja as que causam mais impacto. Não desanime, pois de cada 100 fotos apenas 5 (com muito otimismo) serão realmente interessantes. Eu acho muito importante a organização. Crie pastas para cada saída e dentro de cada pasta uma pasta com as melhores e outra pasta para as editadas.

3- Não se importe com a técnica
No caso da fotografia, saber a técnica antes de desenvolver o olhar só vai te atrapalhar. Concentre-se nos enquadramentos, nas formas e cores dos objetos/pessoas e na luz. Para isso não há regras rígidas. Evite fotos centralizadas e clichês. Minha única recomendação para ajudar na composição é usar a regra dos terços. Dê uma pesquisada no Google para saber do que se trata. Aos poucos você vai descobrindo o que funciona melhor. Vai tentar repetir alguns padrões que deram certo. Só depois que você achar que já explorou tudo o que podia, que sentir que seu olhar já está bom (você vai descobrir isso pelos comentários da sua audiência) e que a falta de técnica é que te está limitando, é que recomendo um curso.

4- Acorde cedo
Isso mesmo! O sol da manhã, até as 9h00 da manhã, é o melhor. Mas não é só isso. Cedinho há menos gente, mais calma, fácil de estacionar, o telefone não toca e fica tudo mais tranqüilo. Procure eventos de carros antigos, que são maravilhosos para fotografar. Chegue bem cedo, antes de todo mundo. Não tente fotografar tudo. Escolha apenas o que você mais gostar e tire centenas de fotos. Veja nesse link um calendário de eventos. Se não tiver nenhum por perto pegue seu carro e saia procurando as imagens. Elas vão aparecer.

5- Pratique sozinho
Não invente de levar mulher, namorada, filhos, amigos, a menos que estejam na mesma sintonia que você. Se concentre, foque no assunto, encontre a paz interior.

6- Se inspire, mas encontre seu estilo
Descubra imagens e outros fotógrafos que lhe inspirem. No começo pode até copiar um pouco. Não há nada de errado nisso. Mas conforme for evoluindo misture estilos e inspirações e descubra o seu estilo, seja ele qual for. Você não conseguirá fazer ele aparecer em todas as fotos, mas ele te guiará.

7- Saia da mesmice e seja criativo
No começo tudo bem fazer fotos normais. Mas sempre tente fazer algumas estranhas, fora do convencional. Inove, invente, suba nas coisas, se abaixe, use espelhos, reflexos, abuse das cores, incline, mude a perspectiva. Vai sair muita coisa realmente abstrata. Mas com o tempo você vai conseguir dar um sentido para as inovações.

8- Assine uma revista sobre fotografia
Acho isso importante para o interesse geral, para se manter informado e para aguçar a vontade de fazer coisas novas. Não tenho nenhuma recomendação específica. Eu assino no iPad a PopPhoto em inglês.

9- Edite
Não tenha medo de editar as fotos. Muitos enquadramentos são refeitos com recortes (crop) na edição. Por isso eu recomendo sempre usar a máxima resolução tanto na câmera quanto no celular. Eu uso um programa que tem um ótimo custo-benefício, é fácil de usar tanto para o gerenciamento das fotos quanto para a edição, o ACDSee Pro. Esqueça o PhotoShop ou Lightroom no começo. Eu mesmo nunca usei nenhum desses dois. O importante é o programa ser fácil de usar. No celular eu uso basicamente o Instagram, o Snapseed e o Squaredroid (para deixar as fotos com formato 1:1 para publicar no Instagram. Se captar as fotos diretamente com o Instagram não há o que editar. Mas há a possibilidade de captar com a câmera, editar no Snapseed e depois postar no Instagram.

10- Compartilhe
Mas mostre só as muito boas. Todo fotógrafo faz isso. Compartilhar é a fundamental. Mesmo que quase ninguém dê muita bola. Já te digo que fotos de pessoas, com crianças e de pôr do sol são as mais adoradas, e aquela que você mais gostou geralmente apenas uns gatos pingados gostam. Mas não se deixe abater. Use o Instagram e o Facebook para se promover. O Flickr também está muito bom para arquivar seus trabalhos.

Mas sem entusiasmo nada disso vai adiantar!

Criei um grupo no Facebook para trocarmos experiências. O nome do grupo é #autoentusiastas. Se você tem um perfil no Instagram poste suas fotos de carros mais legais com o hashtag #autoentusiastas. Podem perguntar a vontade nos comentários.

E para fechar, a galeria <carros + celular + Instagram + vontade> com fotos feitas apenas trabalhando enquadramento, cor e forma.

Abração, PK
















































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