UM LUGAR ÚNICO, UM PARCEIRO ESPECIAL, UM CARRO EXCELENTE E UMA VIAGEM INESQUECÍVEL

Post feito para o AUTOentusiastas.



Demorei! Sabe por quê? Foi muita coisa ao mesmo tempo. Achei que seria fácil, mas a verdade é que ser multitarefa exige mais do meu processador 4.3 (sou de 1970). Dirigir, definir rotas, fotografar, avaliar o carro, postar no Instagram, observar, aprender, curtir a paisagem, conversar, pensar no post, desfrutar a companhia e mais tudo aquilo que vem junto e ainda organizar isso de uma forma inteligível. Mas como um amigo sempre me diz, é começando que a gente acaba. 

O objetivo principal dessa viagem era ter uma grande satisfação, uma busca por prazer sob diversas formas.

prazer 

pra.zer sm (lat placere) 1 Alegria, contentamento, júbilo. 2 Deleite, gosto, satisfação, sensação agradável. 3 Boa vontade; agrado. 4 Distração, divertimento. 5 Filos Emoção agradável que resulta da atividade satisfeita.

Então começo já dizendo que prazeres novos ou mais complexos não vêm assim tão fácil. Têm que ser conquistados, têm que ser alcançados. E, incrivelmente, o ser humano adora se auto-sabotar e dificultar as aventuras em busca do prazer. Eu mesmo arrumei uma forte dor de garganta na noite anterior. E durante a viagem, antes de chegar até o destino, aquela voz interior que anda sempre com a gente insinuou várias vezes que eu desistisse. Tive que vencer dor, cansaço, preguiça, acomodação e incertezas de um momento pessoal um pouco adverso. E é essa insistência que nos faz sair da zona de conforto.

Para quem ainda não sabe sobre o que estou falando, esse post trata-se da continuação do post "Um lugar, um parceiro, um carro e uma viagem" onde o lugar é a Serra do Rio do Rastro, o parceiro é o meu pai, o carro é um Nissan Altima e a viagem é o prazer que veio de tudo isso.

E nesse post vou ter que estender o entusiasmo por automóveis para o entusiasmo pela vida e isso pode levar para um caminho um pouco fora do tema. Já aviso pois alguns podem não se interessar. E também não há um plano específico para o trânsito entre lugar, pessoa e objeto. Vai ser do jeito que sair. Muita coisa aqui já foi explicada no post anterior, mas como nem todos podem ter lido, então vale a pena repetir.

O ponto de partida foi a cidade do litoral de São Paulo, Guarujá, onde mora meu pai. Mas sair de São Paulo é praticamente a mesma coisa. E o destino foi a Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina. Originalmente programamos três noites para um bate-e-volta sem ser muito cansativo e com tempo para curtir tudo. 

Na Rodovia dos Imigrantes a caminho do Guarujá

Meu pai não tem o mesmo ímpeto que eu tenho de desbravar o mundo. Falamos muito disso na viagem. Ele é muito inquieto, daqueles que fica balançando a perna o tempo todo. Mas gosta muito do que já é conhecido, ainda mais se for bom, como é o caso da Praia do Pernambuco, onde mora. "Sua" bela praia já lhe basta e não há muita necessidade de se aventurar por aí. Concordo que a praia dele é linda, uma das mais bonitas. Mas isso não me contenta. Por esse jeitão dele, o convite não foi aceito de primeira. Vai ver que a voz interior dele disse 'fique!'. Mas o bom é que ele topou. E eu tinha uma grande expectativa sobre tê-lo ao meu lado. Uma expectativa muito complexa que não sei descrever muito bem. Afinal, desde 1994, quando me formei e passei a cuidar da minha vida com mais propriedade e deixei de ser o filho para ir me tornando um homem, e também pai, nesse meio-tempo, a distância só foi aumentando. E como cresci, mudei, me moldei, algo me intrigava sobre essa relação que mais se baseia em sentimentos do que palavras. Mas o que mais importava era mesmo matar uma grande saudade.

Saímos no dia 26 de novembro cedinho, depois de um bom café da manhã preparado pelo pai e pela mãe, com um grande carinho; uma delícia. O destino nesse primeiro dia foi Camboriú, já no Estado de Santa Catarina a uns 650 km de distância e com o destino já incluído no sistema de navegação. Também desconectei meu iPod e pluguei um pen drive que meu pai ganhou de um amigo com músicas especialmente selecionadas para ele, com Frank Sinatra, Nat King Cole, Beatles, MPB e mais um monte de outras coisas. Trilha muito boa, me fez recordar a infância. O Altima tem um sistema de som de primeira. É Bose, o que dispensa muita explicação. E o que ajuda muito a aproveitarmos a qualidade do som é o perfeito isolamento da cabine e da suspensão. Só senti falta de mais entradas USB pois precisava carregar meus aparelhos, o Galaxy S4 e Galaxy Zoom e a única porta USB estava sendo usada com o pen drive. Logo veio a dica dos leitores por comentários no Facebook sobre a tomada 12 v porém eu não tinha um adaptador.

Porta-copos? Acho que preciso mais de energia elétrica do que de água...

A central multimídia é uma das mais fáceis de se usar. Todos os comandos são super-intuitivos e com muitos botões para navegar pelas funções. Achei tudo extremamente fácil de usar. Gostei também de um botão específico para escurecer tudo durante a noite. Agora estou com um Golf GTI e ainda não encontrei essa função. Parabéns para a Nissan. Mas já tendo usado muito o iDrive dos BMW, acho que toda a indústria deveria partir para sistemas parecidos, com um comando fixo no console central onde podemos encontrar mesmo sem ter que olhar para ele. O principal problema de menus na tela por toque é que com o carro em movimento a ponta do dedo oscila e fica difícil acertar as teclas e freqüentemente aciona-se comandos indesejáveis. Todo o interior do Altima é bem-feito e transmite qualidade.

Segui o primeiro trecho bem na maciota e explicando os principais atributos do carro para o meu pai, principalmente sobre a caixa CVT, uma novidade para ele. Se você é daqueles que odeiam caixas CVT, pode começar a mudar de idéia. A caixa do Altima é excelente, uma das melhores que já usei.  Aquele famoso efeito "banda elástica" está quase imperceptível e o que chama a atenção é a pronta e instantânea resposta com muita suavidade. Ligada ao também suave e esperto motor quatro-cilindros de 2,5 litros por um conversor de torque, forma um conjunto muitíssimo bem acertado.

Primeira "tancada" antes de partir do Guarujá para Camboriú.

Andando muito na boa, no primeiro trecho de uns 200 km fiz a boa média de quase 13 km/l. Depois de uns 100 km acabei desligando os monitoramentos de ponto cego e mudança de faixa. Como eu mudo muito de faixa e fico muito atento à minha volta (o JJ adora enfatizar a direção defensiva) acabei cansando dos avisos constantes. No entanto, achei o sistema muito útil para quando estiver cansado e sem muita vontade de dirigir. Tem gente que não gosta nada de dirigir ou não sabe mesmo, fica eternamente na mesma faixa e nunca monitora os espelhos. Claro que não é o meu caso e nem o do meu pai. Mas a tecnologia é bacana e funciona muito bem. Esse monitoramento é feito pela câmera traseira. Em certo ponto da viagem, após muitas estradas de terra a câmera ficou obstruída pela poeira e fui imediatamente avisado por uma mensagem no mostrador central do painel. Foi só remover a poeira e tudo bem.

Na primeira parada meu pai assumiu o comando e eu logo percebi de onde vem os meus hábitos ao volante e por que minha esposa sempre reclama da minha direção! Não é uma questão de abuso, mas de não se conformar com a inabilidade dos outros. Para os mais calmos e com menos noção de direção e tráfego parece algo arriscado. Mas não é. Quem dirige bem sabe que dirigir não é apenas cuidar do acelerador, freios e câmbio. Tem que olhar tudo à volta. Eu acho incrível como nosso cérebro é capaz de monitorar tudo e sentir o que acontece ao redor, saber o que o cara de frente pode aprontar e se precaver, e tudo sem que seja um ato pensado. Mas isso exige atenção à frente, coisa de até olhar nos olhos do motorista a frente pelo retrovisor do carro dele, sentir o "tipo" que está ali. Também estar sempre atento ao retrovisor e saber da intenção do carro que está vindo, olhando também nos olhos do motorista de trás através do espelho. Saber dos carros que ultrapassou. E antecipar tudo que acontece na estrada bem mais à frente. Coisas como imaginar que ao dar farol para um carro mais lento sair da faixa da esquerda pode ser perigoso se houver outro carro ultrapassando pela direita. Nada disso se ensina nas auto-escolas. E a massa não sabe e nem quer saber nada disso. Então acabamos nivelando tudo por baixo. Felizmente depois de entrar nos "enta" estou cada vez ficando mais zen e menos irritado.

Imagine ficar atrás de um ser desses, sem a menor visibilidade para trás e todo filmado!

Voltando ao Altima, o primeiro comentário do meu pai foi sobre a firmeza da direção. A calibração da assistência eletroidráulica variável é perfeita. Mas acho que essa sensação não vem só da direção. O Bob enfatizou a rigidez do monobloco que de fato é notável, assim como a calibração da suspensão que usa amortecedores ZF Sachs, que de acordo com a Nissan são usados em carros de marcas premium. Juntos com a direção precisa eles formam um conjunto extremamente prazeroso e que transmite uma sensação de segurança acima da média. Imagine um carro todo justinho, como um relógio suíço.

Zeca, o paizão, assume o volante. Primeiro comentário:"a direção é firme". Realmente o Altima impressiona pela
precisão e solidez, um carro muito estável e bom de chão, sem deixar de ser muito confortável

Até Curitiba a estrada é a famosa BR-116. Para minha surpresa ela já não mais merece sua fama de perigosa,  pois melhorou muito. Está muito bem sinalizada e com asfalto excelente. O único problema ainda é a cara de pau dos caminhoneiros que insistem eu usar a três faixas nos trechos de serra. Fico imaginando como seriam nossas estradas se houvesse mais ferrovias. Passando Curitiba seguimos pela BR-376 que é até melhor que a BR-116.

Caminhões tomando conta!

Para quem sai da região Sudeste, se não quiser entrar em Curitiba, que apesar de ser muito agradável, por ser grande toma muito tempo, a sugestão é dar uma paradinha em Joinville para o almoço.  Lá meu pai quis reviver um momento do passado em que, quando na ativa, em uma viagem a trabalho almoçou um marreco delicioso. Eu não ligo muito para as refeições, mas ele faz questão de comer bem. Então procuramos o 'melhor marreco de Joinville' no 3G do telefone e achamos o restaurante Hubener. E para minha surpresa ele estava listado nos restaurantes incluídos no navegador do Altima, assim como muitos outros.

Interessante como os mapas já estão funcionando muito bem no Brasil. Chegamos lá e o restaurante estava fechado para reforma. Mas meu pai não desistiu e foi perguntando até acharmos outro restaurante menos tradicional (nem marquei o nome). E descobri que marreco é um prato popular e saboroso na região. Valeu.

Depois do marreco uma parada para abastecer

Nesse primeiro trecho fizemos a média de 11,4 km/l. Acho que nos empolgamos demais com o pedal direito, que trabalhou intensamente, e também com os trechos de serra. Ou seja, trocamos economia por prazer! Mesmo assim, 11,4 km/l não é ruim e com um tanque cheio (68 litros) nossa autonomia, mesmo mantendo o prazer, era de quase 800 km. Uma delícia! Aí eu acho que motor flex é totalmente dispensável. Mas não dá para convencer a massa que acha que se o motor não for flex vai ser ruim para revender ou que prefere gastar menos em cada parada no posto, mesmo que pare mais vezes para abastecer. Mais uma vez a falta de consistência do governo nos faz de idiotas.

Poderíamos esticar um pouco mais e alcançar a belíssima Florianópolis, Mas por indicação de um amigo e para equilibrar também as distâncias escolhi parar em Balneário Camboriú para passarmos a noite. O que me atraiu também foi o litoral recortado com várias praias. Chegando tivemos uma surpresa com o crescimento da cidade. A quantidade de prédios altos realmente impressiona. A população local é de pouco mais de 100.000 pessoas, porém os prédios construídos podem acomodar mais de 1.000.000 de pessoas. Imagino como deve ser a cidade durante a alta temporada.

A bela Camboriú com seu altos prédios

Aqui vale lembrar que muitos leitores da região acompanharam a viagem pelo Facebook e Instagram e fui recebendo recomendações. Uma das recomendações foi para almoçar no Restaurante Farol, na Av. Atlântica, mas como resolvemos parar em Joinville acabamos não o experimentando. Nas minhas consultas ao Google Maps eu notei um teleférico na ponta da praia e fim da Av. Atlântica e meu pai topou subir no morro! O Parque Unipraias fica no topo dele com uma boa variedade de atrações como o próprio teleférico, trenó, arvorismo e tirolesa, É um ótima diversão para a família. Achei bem caro, mas havia bastante gente se divertindo lá em cima. Fiquei positivamente impressionado com o nível de investimento para fazer o parque, pouco comum em um país que não estimula o turismo como deveria.

Subida para o Parque Unipraias

Escolhi um hotel fora do centro, pois prefiro lugares mais calmos. Através de uma combinação do Booking.com com Google Maps encontrei uma pousada na Praia do Estaleiro, a Pousada Ponta do Lobo, com uma boa relação custo-benefício. E a localização, quase na praia, é ótima. Em novembro e durante a semana a praia e a pousada estavam desertos, do jeito que eu gosto. Meu pai não quis caminhar na praia e segundo ele a praia "dele" é mais bonita. Não entro nesse tipo de discussão. Eu achei a praia lindíssima e passei duas horas de silêncio e contemplação proporcionando muito prazer para a minha alma.

Praia do Estaleiro, próximo a Camboriú em Santa Catarina

À noite tivemos que descobrir onde jantar e fomos parar na próxima praia no sentido sul, a Praia do Estaleirinho, onde fica o Restaurante Estaleirinho. A comida é boa, mas não tem nada de especial. A julgar pelo tamanho do restaurante e a localização de frente pra praia, já na areia, deve ser um dos points da temporada. Na volta, sem nenhuma alma viva nas ruas, o silêncio do Altima nos chamou a atenção. Não se escuta um ruído de motor, suspensão ou rodagem. Resultado do projeto com foco na rigidez do monobloco e isolamento acústico, como apontado pela própria Nissan.

Depois de acabar com os pernilongos, dormimos bem. No dia seguinte tomamos um bom café da manhã na pousada e saímos na direção de Florianópolis pela litorânea BR-101. Essa é a pior parte da viagem, A estrada não é ruim, mas passa por muitos perímetros urbanos bem movimentados, com entra-e-sai de carros e caminhões e muita gente que não sabe dirigir em estrada. Tem que ter atenção redobrada. E também nas mudanças de limite de velocidade. Dificílimo não tomar multas. O sistema de navegação do Altima me surpreendeu de novo, pois mostra os limites de velocidade com uma boa precisão. Em apenas poucos trechos ele errou. Mas aí a culpa não é dele, pois a facilidade com que se mexe nos limites em nossas estradas e vias é irritante.

Indicação do limite de velocidade na tela do navegador, muito útil

Seguindo também uma ótima dica de outro leitor, o Leandro Spollon (desta vez eu lembro quem foi, pois trocamos e-mails), na véspera o início da viagem adicionei ao roteiro uma passagem pela Serra do Corvo Branco. A Serra Catarinense está mais ao sul do Estado e segue praticamente na direção longitudinal (norte-sul). Então a Serra do Corvo Branco e a Serra do Rio do Rastro são pontos de travessia leste-oeste ou vice-versa. Olhando o mapa eu decidi dar a volta por trás da serra para chegar à Serra do Corvo Branco por Urubici descendo até Grão Pará e depois seguir para Lauro Muller, no pé da Serra do Rio do Rastro. As estradas dessa região são excelentes em termos de piso e sinalização. A limpeza e organização do Estado também. Uma delícia para explorar um pouco mais o Altima.

Início da Serra Catarinense

Um leitor que também nos acompanhou nas mídias sociais chegou a comentar que o Altima bem que poderia ter o motor 3,5 V-6 de 270 cv. Isso seria ótimo e acredito que um Altima V-6 deva ser ainda melhor. Mas o fato é que o 2,5 quatro-em-linha de 182 cv é excelente e dá conta do recado. Quando solicitado ao máximo, fim de curso do acelerador, acionando o kickdown, a CVT joga sua rotação lá nas 6.000 rpm e o deixa trabalhar sempre proporcionando a melhor relação de marchas sem que a rotação caia, pois não há trocas de marchas e sim o ajuste contínuo para a relação mais eficiente.

O vídeo abaixo ilustra bem como a CVT trabalha sem quedas de rotação. Atente apenas que ele demonstra uma situação de aceleração progressiva e não a situação que descrevo acima.

A Nissan mostra a diferença da CVT para a automática convencional de uma maneira divertida mas bem fácil de entender.

Na condição, de pé embaixo ou kickdown, o motor 'berra', como diz o meu pai.  Berra mas tem resposta. E vejam que interessante! Justamente esse berro foi uma das coisas que meu pai mais gostou. Ele fez uma analogia inesperada descrevendo o som, ou o conjunto do som mais a aceleração, com o de um Ferrari. E de fato, apesar do som do não ser tão atraente quando se acelera forte, o carro responde bem e a sensação é de prazer. Claro que um V-6 proporcionaria um som melhor e mais pressão no encosto do banco, mas talvez seu preço não fosse tão convidativo (comparativamente ao que se tem no mercado) quanto o quatro-em-linha.

Caminho mais longo para cruzar a Serra Catarinense em dois pontos

Enfim chegamos em Urubici, uma cidade bem pequena e pacata, por volta de 1 da tarde e a fome bateu. Lá vai meu pai procurar um restaurante enquanto eu pensava que o tempo estava ótimo para umas fotos ainda nesse dia lá na Serra do Rio do Rastro. Nessa semana o tempo estava bem estranho. Todas as manhãs foram de tempo fechado com o sol abrindo mais à tarde. E se demorássemos muito as fotos na Serra do Rio do Rastro ficariam para o próximo dia, provavelmente encoberto. Mas resolvi seguir o curso das coisas sem estresse e deixar a coisa rolar. Afinal, eu não me sentia bem no comando do meu pai, que ainda é um touro e pode me dar um couro em quase qualquer coisa. No mais eu também queria estar muito com ele, então aquela vozinha falou: "Relaxa aí e não enche o saco!". Dessa vez eu obedeci...

Parada em Urubici com o carrão de doutor bem na porta

Almoçamos uma comidinha bem sem-graça e ao sairmos perguntei sobre a Serra do Corvo Branco. A senhora do caixa me respondeu que era logo ali mas que não daria para descer pois com as chuvas e a reforma da estrada de terra não era possível passar. Fomos lá assim mesmo para ao menos observar a vista, a uns 30 km de Urubici, dos quais uns 10 são de terra. No caminho um primo do Altima nos passou, um Nissan Xterra, e comecei a achar que não estávamos com um carro apropriado.

Antes de chegar a Serra do Corvo Branco passamos por muitas paisagens bonitas e um X Terra nos ultrapassou 

Ao chegarmos lá havia um caminhão carregado de toras de madeira subindo a serra. Será que veio lá de baixo? A entrada da serra e bem bonita e diferente, com um rasgo na montanha bem profundo e pouco usual. O corvo branco na verdade é um urubu-rei que era desconhecido por quem batizou a serra. A parte mais íngreme com as curvas mais fechadas é asfaltada, mas logo que a descida fica mais leve o piso volta a ser de terra e assim vai por mais uns 30 km até a pequena cidade de Grão Pará. Toda a região produz madeira e essa serra evita uma volta que pela minha estimativa deve ser de mais de 100 km para cruzar as montanhas de um lado para o outro. A vista maravilhosa e as formações rochosas valem a esticada no passeio. Meu pai não deu muito o braço a torcer, mas sei que ele gostou.

Entrada da Serra do Corvo Branco, que na verdade é um urubu-rei

O lugar é diferente, eu quis sair do carro e curtir um pouco e me sentir pequeno

Mais um tempo parado no topo e sobe um Fiat 500 com duas moças. Claro que as paramos e perguntamos como estava lá embaixo. "Tranqüilo, dá para descer e subir sem problemas!", mas mesmo assim meu pai ainda achou que não deveríamos ir. Eu sugeri que fôssemos devagar até onde possível. Chegamos lá embaixo sem nenhum problema e com tudo seco, sem lama alguma. Em dias chuvosos a subida pode ser um pouco difícil, mas é só tomar cuidado.

Já lá embaixo me dei conta que gostaria de ter ficado mais por lá., mas ao mesmo tempo também queria chegar logo ao destino final

Até Grão Pará são mais 30 km de terra e com a estrada sendo reformada. Mas o passeio é muito bonito. O Altima não teve nenhuma dificuldade e quase não raspou em nada; surpreendente.

Não precisamos do primo Xterra e o caminho até Grão Pará é bem bonito

De Grão Pará até Lauro Muller, no pé da Serra do Rio do Rastro, são mais 50 km numa estrada muito boa e bem sinuosa. Ali já estávamos muito amigos do Altima e andamos muito na boa. Falamos muito sobre como a região é bonita e bem-cuidada. Eu que estive recentemente na Alemanha achei que essa região é muito parecida e fiquei imaginando umas férias mais longas com toda a família passando por Santa Catarina e descendo mais até à Serra Gaúcha. Um dia ainda vou fazer isso.

Em Lauro Muller, mais uma parada para abastecimento. Dessa vez a média caiu para 9,5 km/l. Nada como serras para aumentar o prazer e diminuir a economia! Ou para diminuir a economia do prazer. Como eu queria chegar logo à próxima serra, para falar a verdade nem prestei muita atenção na cidade. O hotel que escolhi foi o Rio do Rastro Eco Resort que é bem no topo da serra, que na verdade é um grande platô. É um pouco mais caro mas está numa localização privilegiada e tem uma infraestrutura muito boa. Nenhuma mulher vai reclamar de ficar nesse hotel!

Algum dia alguém olhou essa encosta e decidiu que por ali seria possível fazer um caminho

Lauro Muller fica praticamente no pé da serra, a poucos quilômetros. Chegando por esse lado (a direita ou leste no mapa) chega-se a serra subindo. Algumas fontes dizem que a serra tem 8 quilômetros mas o fato é que é difícil determinar exatamente onde ela começa. Também contam-se mais de 250 curvas. A rota foi definida pelos tropeiros e com exceção da Serra do Corvo Branco, outros pontos de cruzamento do Estado estão a pelo menos 200 km de distância. Daí se vê a necessidade dessa estrada.

Dá para imaginar muitos pecados nessa serpente!

Começamos a subida e logo encontramos veículos mais lentos, pois o tráfego ali é bem constante. Não chega a ter trânsito, mas tem carros e caminhões o tempo todo. Dependendo da boa-vontade dos mais lentos, há pontos de ultrapassagem. E mais próximo do topo há muitos locais onde é possível parar e descer do carro. Claro que se for um dia chuvoso ou o piso estiver escorregadio não é bom ficar dando sopa para o azar. Mas em quase todos os pontos pode-se ver quem está subindo ou descendo e ficar em locais fora de perigo. O Altima subiu com desenvoltura e classe, sem abusos. Mas atração dianteira... Na minha imaginação eu estaria subindo de 911 pendulando a traseira em cada curva, como os caras das revistas inglesas fazem nos passos ou passagens pela Europa. O que seria de nós sem a nossa imaginação? Sem ela eu até posso dizer que essa serra não tem graça. Mas já estava tendo muitos prazeres e então me aquietei.

Nesse dia fizemos a subida por volta de 17h00. Foi mais um reconhecimento. Paramos no mirante que fica no alto da serra a 1.421 metros de altitude e que tem um amplo estacionamento. Lá encontramos de cara os quatis esfomeados que habitam a região.  Eu estava louco para aproveitar a luz do fim de tarde e descer e subir a serra mais algumas vezes. Mas o meu companheiro estava com mais vontade de ir para o hotel e descansar um pouco.

No mirante e também mais abaixo vivem muitos quatis esfomeados que apesar de selvagens são até dóceis
A vista do mirante é linda e mostra a grandiosidade da serra

Ok! Fomos para o hotel que está exatamente em frente ao mirante bastando apenas cruzar a pista.  Nos acomodamos e eu logo quis sair para umas fotos com a Nikon. No meio do post eu decidi usar apenas as fotos feitas com o Galaxy Zoom e editadas e postadas pelo Instagram e no Facebook (através do próprio Instagram). Fiz essa opção pela praticidade e porque queria testar o novo aparelho. Algumas outras poucas fotos também foram feitas da mesma forma com o Galaxy S4. Depois falo dos aparelhos e as fotos da Nikon, no fim do post.

Olhando a serra dá impressão dela ser muito perigosa (não é) e quando eu falei para o meu pai que iria descer de novo ele me disse que ficaria muito preocupado se eu fosse sem ele. Então eu prometi, e cumpri a promessa, que iria com ele no dia seguinte, já praticamente sabendo que o tempo estaria encoberto. Mas como eu também sou pai, sei que a preocupação do meu era legítima e então respeitei. Então explorei o terreno do hotel e arredores. Não há muita coisa mas tentei ir até um parque eólico nas proximidades. Não era possível entrar, mas os caminhos em estrada de terra eram bonitos, embora de piso muito ruim. Em algum momento até imaginei estar abusando do Altima, mas ele não reclamou.

A propriedade do hotel é enorme e os chalés bem confortáveis

Aproveitei também para contemplar o design do Altima. Eu acho o seu perfil bem esportivo e dinâmico com uma boa carronalidade (quem não sabe o que é veja aqui). Talvez até mais interessante que o aclamado Fusion. Gosto dos pára-lamas dianteiros salientes e da coluna C. Na traseira o escapamento duplo o deixa mais atraente e também melhora a esportividade. O único ponto que não me satisfaz é a dianteira. A grade é muito grande e simples demais, além do que Versa e Sentra também têm o mesmo jeitão. Bom para esses dois, mas ruim para o Altima. Mas mesmo assim o conjunto é bem acertado e de acordo com o padrão mais conservador das empresas japonesas. E agora pensando, um prova de que eu gostei do design é que eu não cansei de olhá-lo sempre que possível. 

O design do Altima é atraente, no entanto a frente poderia ter uma grade mais ousada e menos parecida com a do Sentra e do Versa
A vista de 3/4 de traseira é bonita e ressalta a linha de cintura saliente e musculosa; o escapamento duplo para mim é fundamental num carro desse porte

Já anoitecendo, voltei para o hotel para jantarmos. E ali não havia outra opção a não ser o próprio hotel, que tem um restaurante muito legal e uma boa variedade de pratos. Para não errar e seguindo a recomendação da garçonete, pedimos um truta. O problema é que levou 1h45 para ficar pronta. Pelo menos passei mais tempo com meu pai. Expliquei e mostrei o Facebook e Instagram, li os comentários dos leitores, busquei o manual do carro para saber mais sobre ele e assim o tempo foi passando. Jantamos bem e o convidei para a foto noturna. Há pouco tempo a serra passou a ser iluminada durante a noite e uma das fotos que planejei era essa. Mas fui frustrado ao ver que a iluminação estava toda apagada. Não se via nada. Então o jeito foi ir dormir cedo.

No dia seguinte levantamos sem pressa, tomamos café e eu comecei a preparar a GoPro para filmar a descida. Foi aí que descobri as pilhas vazadas. E o pior, a camarazinha estava inutilizada. Uma pena.

Deck do restaurante do hotel, a GoPro mortinha e o Altima na serra

Como eu imaginara, o tempo estava totalmente encoberto. Não se via muita coisa. Conhecendo bem o acompanhante eu sabia que ele queria descer a serra direto e ir para Curitiba, nosso próximo destino. Mas depois de eu lembrá-lo que não fiz as fotos no dia anterior a pedido dele, ele acabou se acalmando e me ajudou muito nas paradas no meio da serra. Como eu disse mais acima, há muitos lugares para se parar, observar a vista e fotografar. Um pouco mais difícil é fazer fotos em movimento. Meu pai me ajudou muito, foi fantástico e fez exatamente tudo que eu pedi. Tá certo que não abusei muito. Em uma de minhas saídas do carro pedi para ele descer bastante e se posicionar numa curva muito mais abaixo. Ele parou o carro e eu gritava lá de cima para descer mais. Mas a chave de presença estava no meu bolso. Apesar do empenho dele eu é que não estava tão tranqüilo, não consegui me concentrar e não gostei muito do resultado. Meu imaginário havia pintado outras fotos. Idealizei o Altima em uma das curvas e com a vista da serra toda ao fundo. Sem chances com o tempo encoberto. Mas sei que fiz o possível considerando as condições. Agora eu precisava de uma fotos da Nikon, pois quase não fiz nenhuma com a Galaxy Zoom.





Idealmente, eu gostaria de ter passado pelo menos mais um dia nesse lugar para poder entendê-lo melhor. Ficou uma sensação de ter faltado alguma coisa. Que seja. Ao menos é um bom pretexto para voltar lá. E de lá resolvemos fazer o caminho mais comprido e por estradas secundárias evitando um bom trecho da BR-101, que não gostamos. Passamos por Lauro Muller onde eu peguei o volante a umas 10 da manhã e seguimos pela SC-108 passando por Orleans, Braço do Norte, Santa Rosa de Lima, Anitápolis, Rancho Queimado e finalmente chegamos em Palhoça, onde encontramos a BR-101.

Essa perna foi muitíssimo bacana. Imagine serrinhas com uma estrada perfeita e quase sem movimento. Aí, com a missão já cumprida, eu pude me divertir mais com o Altima. A já falada rigidez, o ótimo ajuste de suspensão e os aparatos eletrônicos só aumentam nossa confiança. E inevitavelmente nos deparamos com alguma curva um pouco mais fechada do que o esperado e acabamos tendo aquele calafrio (entre outras coisas) com a possibilidade de algo sair errado, tipo a frente desgarrar. Aí eu pude experimentar o Active Understeer Control (AUC), ou controle ativo de subesterço que atua nos freios dianteiros para tentar corrigir a trajetória de acordo com a posição do volante evitando que o carro saia de frente. É o que a Nissan chama de torque vectoring, a aplicação do freio da roda interna à curva empurrar o carro para dentro dela, como nos tratores de esteira e nos tanques. Meu pai não gostou muito, mas depois que o susto passa é gostoso.


Evitamos a BR-101 e viajamos pela deliciosa SC-108

Depois de muito quilômetros só curtindo o passeio, em determinado momento imaginei como descrever a sensação tão boa transmitida pelo Altima. Logo lembrei do dia em que voei de planador e disse isso ao meu pai. O carro parecia realmente estar planando e eu também disse que gostaria de fechar os olhos e me imaginar voando para saber se isso seria crível. Então olhei para o lado e vejo meu pai de olhos fechados... 

Depois desse momento resolvi acordar de novo motivado por mais uma serrinha legal e tocar o Altima como ele merecia. Aquela ajeitada do corpo no banco, CVT no modo Sport e mais pressão no pedal direito. Aumentei bastante o som do jeito que eu gosto (meu pai gosta de ouvir o som baixo, na verdade no volume normal) e fui passando as músicas pelo comando no volante até achar uma mais empolgante. Encontrei uma fantástica e muito apropriada ao momento, A Taste of Honey (Um sabor de mel, em tradução livre) de Herb Alpert. Aí eu pude ser eu mesmo, meio que fazendo uma travessura. E mais ou menos com a aprovação do pai. Para mim foi o melhor momento da viagem!


Mas não durou muito, pois logo chegamos a Santa Rosa de Lima e tive que diminuir. Aqui vale uma dica para que estiver pensando em fazer esse caminho. O trecho entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis, de 25 km, é todinho de terra e a estrada não é tão boa assim. Mas voltar dali por outro caminho é uma baita mão-de-obra. 

Vinte e cinco quilômetros de estrada de terra de Santa Rosa de Lima até Anitápolis; na região há muitas casas cor de rosa.
Região madeireira e de pequenos agricultores

Com essa mudança de planos e a demora na Serra do Rio do Rastro o navegador apontava que chegaríamos em Curitiba por volta das 17h00. O plano original era chegar às 2 da tarde para visitar o Museu do Automóvel. Ainda antes de Curitiba coloquei no navegador o endereço do meu pai no Guarujá e a hora estimada de chegada seria depois da meia noite. Olhei pra ele e já entendi que seria ótimo tocar direto pra casa. Afinal, não teríamos razão para passar em Curitiba pois o museu fecha às 17h00. Ligamos no hotel pedindo para cancelar a reserva. Mas apesar deles concordarem em fazer o cancelamento sem custo, foi necessário ligar também no Booking.com para informá-los que o hotel concordara. Deu certo e economizamos uma diária.

Chegamos no Guarujá pouco antes da meia noite. Nesse dia eu dirigi mais de 10 horas praticamente sem interrupções. Achei que chegaria em casa quebrado. Curiosamente, o Altima tem bancos com tecnologia da Nasa que acomodam melhor o corpo. Acho que isso ajudou muito chegar inteiro ao destino. Claro que todo o prazer desfrutado ao longo dos três dias de viagem também renovou o estado de espírito.

Pensando um pouco mais sobre o Altima, a única coisa que eu gostaria que ele tivesse a mais é algum meio de reduzir marchas, preferencialmente no volante. Apesar de ter os modos Sport e D/S (que simula sete marchas e mantém a velocidade em descidas) não há como fazer reduções que em certas situações são desejáveis. Mas mesmo assim eu adorei o Altima. Gostaria muito de tê-lo comparado com o Fusion, pois não imagino como este possa superar o Nissan. Para quem gosta ou precisa de um carro grande, aprecia de coisas muito bem-feitas mas não precisa de ostentação, recomendo muito o Altima.

No dia seguinte acordei, curti mais um pouco meus pais, peguei a estrada para São Paulo. Depois todo esse tempo grudado ao meu pai, quando entrei na estrada, liguei meu iPod com as minhas músicas e não o vi do meu lado, o vazio foi enorme. Queria ele ali, com as músicas dele e trocando sentimentos comigo. Uma série de emoções se misturaram e não sabia se era felicidade ou tristeza. Mas como não consigo definir muito bem isso, o que importa é que o meu pai continua sendo aquele pai que brincava com o Paulinho, que era durão na palavra mas mole de coração, que sempre fez de tudo para me ver feliz. E que me guia e sempre guiará, estando perto ou longe. Ele não mudou, mas eu cresci e encontrei meu caminho. Isso é duro, mas inevitável. Ainda bem que ele topou viajar comigo.

Para o meu pai!

Mais abaixo há outras fotos da viagem.

Abraço

PK


Agora um assunto um pouco fora do tema central.

Outro objetivo dessa viagem foi testar os aparelhos da Samsung, o Galaxy S4 e o Galaxy S4 Zoom. O S4 é o concorrente direto do iPhone 5. O principal diferencial é a tela grande e HD de 5 polegadas onde digitar e editar fotos em diversos aplicativos é muito fácil e conveniente. A qualidade das fotos feitas com a câmera de 13 megapixels é excelente e o sistema Android permite a comunicação e compartilhamento de fotos com todos os aplicativos de maneira fácil e direta. Quem é fã da Apple normalmente nem quer saber do S4. Não sabem o que estão perdendo. Isso sem contar a diferença gritante de preços. Já o Galaxy S4 Zoom é um pouco menor, com tela de 4,27 polegadas (o iPhone tem 4 polegadas) mas tem uma câmera de 16 megapixels com zoom ótico de 10 vezes (a do iPhone tem 8 megapixels). A qualidade das fotos é melhor que a do S4. A vantagem do Zoom é que ele também é um excelente smartphone. A pega e a utilização do zoom é que não são muito boas, mas é mais uma questão de se acostumar. A bateria dura bastante.

Se você ainda não tem um smartphone legal e também gosta de tirar fotos eu recomendo o Zoom. Se já tiver uma câmera bacana, vá de S4.

Galaxy S4 e Galaxy S4 Zoom, ambos também recomendáveis

Para facilitar a minha vida e o compartilhamento imediato das fotos via Instagram (e através do próprio Instagram para o Facebook) eu usei o Instagram em todas as fotos. Adoro os filtros e o aspecto meio envelhecido das fotos. No entanto, a qualidade das fotos depois de ter filtros aplicados fica muito degradada. Por isso não use as fotos desse post para julgar a qualidade.

As próximas fotos não foram feitas com nenhum dos dois aparelhos e sim com minha Nikon D300S.


Fotos adicionais

Serra do Corvo Branco

















Serra do Rio do Rastro























Um comentário:

Alemão M disse...

Um dos posts mais emocionantes que já li. Efusivamente, parabéns! Ainda vou fotografar e escrever assim. Estou começando e quero umas dicas suas (www.autosff.blogspot.com.br). Abraço!