HARLEY-DAVIDSON V-ROD MUSCLE, SAIA DA ZONA DE CONFORTO

Post feito para o AUTOentusiastas.

fotos: Harley-Davidson / Paulo Keller

Harley-Davidson V-Rod Muscle

Dia desses o Arnaldo Keller (meu primo, para quem ainda não sabe) passou aqui em casa com uma Royal Enfield (veja o post do AK) para eu dar uma volta. Moto retrô, bem bacana. Na realidade não é retrô, pois sempre foi assim. O fato é que depois daquele dia fiquei com vontade de andar de moto. Na verdade venho ensaiando a compra de uma moto já faz muito tempo. O problema é que eu não sei que moto eu realmente gostaria de ter. 

Fiz um contato com a Harley-Davidson Brasil e solicitei uma moto para fazer um post para o blog. Me perguntaram: "Qual moto você quer?". Eu respondi perguntando qual moto eles tinham. Como os modelos da Harley sempre me causam muita confusão eu os divido em quatro categorias para facilitar minha vida: as despojadas e sem carenagem, as Fat Boy (principalmente pelas rodas fechadas), as grandonas com carenagem, rádio e um monte de maleiros e alforges, e as V-Rod. Dessas quatro categorias a única que não faz meu estilo é a das grandonas carenadas. Mas há que goste; muita gente por sinal. Logo de cara me ofereceram uma V-Rod Muscle. Nem quis escutar as outras pois a V-Rod já é legal, e nessa versão Muscle devia ser mais ainda.

Longa, baixa e musculosa

Esse post começou a ser criado já quando eu estava indo buscar a V-Rod Muscle na Harley-Davidson, enquanto eu pedalava uma magrela dessas laranjas do Bike Sampa e me imaginava naquele monstro da Harley. Nesse caminho pensei sobre a polêmica que sempre se instaura entre os chamados harlistas e o resto do mundo toda vez em que se encontram. Eu diria que numa ponta está a Harley e na outra está a BMW, nem abaixo e nem acima. Um ícone incontestável do estilo e um ícone incontestável da tecnologia. Os argumentos contra a Harley são muitos. Fala-se muito da vibração, do despojamento e até da falta de qualidade. Muita provocação, mas o fato é que o sucesso da Harley é incontestável. E considerando esse sucesso fiquei intrigado sobre a questão da qualidade e lembrei de uma aula que tive bem no início dos anos 1990. 

A Muscle tem um acabamento de primeira e peças com um belo design, como o painel de instrumentos

O professor de Qualidade do curso de engenharia gastou quase uma hora da primeira aula da matéria num debate com os alunos sobre o que significa qualidade. Facilmente vieram descrições como: algo bem feito, preciso, que não falha, bonito, bem-acabado, eficiente ou algo que sentimos que é bom. É um pouco difícil definir qualidade dependendo do referencial que temos. Então o professor explicou que qualidade é fazer aquilo que o cliente deseja, com repetitividade. 

Recorri à Wikipedia  para me ajudar e concluir essa questão.

"Do ponto de vista dos clientes, a qualidade não é unidimensional. Quer dizer, os clientes não avaliam um produto tendo em conta apenas uma das suas características, mas várias. Por exemplo, a sua dimensão, cor, durabilidade, design, funções que desempenha etc. Assim, a qualidade é um conceito multidimensional. A qualidade tem muitas dimensões e é por isso mais difícil de definir. De tal forma, que pode ser difícil até para o cliente exprimir o que considera um produto de qualidade. 
O cliente não avalia se um produto e ou serviço possuem qualidade apenas pelo preço, ou por determinada característica, pelo contrário, a qualidade é determinada quando o produto e ou serviço atingem a expectativa do cliente. A definição de qualidade deve sempre estar relacionada com a satisfação do cliente."

O que é bom pra mim, não necessariamente é bom para outra pessoa. E eu acho que isso está no centro da polêmica entre harlistas e o resto do mundo. As Harley são exatamente o que os harlistas querem. Existe algum cliente mais satisfeito que os donos de Harley? Acho pouco provável. E, além disso, eu realmente acredito que as Harleys modernas têm um elevado nível de qualidade de produto, sendo muito bem fabricadas e montadas.

Então essa polêmica não faz muito sentido para mim. E para eu poder falar da V-Rod Muscle entendo que o que um cara que compra uma Harley quer além da moto, um estilo, uma comunidade e a possibilidade de ter seu espírito mais livre, mesmo que por poucas horas. O que eu chamo de produto expandido (moto mais imaginário da marca) é tão acertado que o pessoal não está nem aí para as críticas. Já explorei esse tema num post antigo, quando experimentei uma Sportster 883. Se quiser saber mais aqui está o post: Vibração boa.

A Muscle impõe respeito, poderia ser facilmente a moto do Batman ou de outro super-herói 

A V-Rod. Muscle é um modelo da família VRSC (V-Twin Racing Street Custom) que foi lançada em 2001 com a primeira V-Rod. Na época a Harley buscava consumidores novos e mais jovens e se empenhou em fazer uma moto bem esportiva. Pelo que lembro os harlistas mais extremos não gostaram do fato dela ter motor arrefecido a água, ou a líquido, como a Harley diz corretamente (devido à solução anticongelante e anticorrosiva). Mas seu estilo e desempenho logo conquistaram seus fãs e consumidores de outras marcas passaram a considerar a Harley também.

O estilo da V-Rod realmente impressiona. Longa, com garfo dianteiro bem inclinado, baixa, e um respeitável pneu de 240 mm de largura, é muito esportiva. Diz-se que foi inspirada em motos de arrancada, onde a Harley compete muito bem com a própria V-Rod. Desde seu lançamento a família VRSC sofreu algumas atualizações e teve alguns modelos. Atualmente, no Brasil, são dois modelos disponíveis, a Night Rod e a V-Rod Muscle. Ambas usam o motor Revolution bicilíndrico em V a 60° com 1.247 cm³ de cilindrada, comando no cabeçote e sistema de injeção eletrônica. A Muscle, até para ajudar a justificar mais o nome, tem o torque maior, de 11,9 m·kgf a 6.500 rpm, contra 11,4 m·kgf a 7.250 rpm na Night Rod. A potência na Muscle é de 121 cv a 8.000 rpm enquanto a Night Rod tem 1 cv a mais, 122 cv a 8.000 rpm.

V-Rod, um canhão perfeito para arrancadas!

A Night Rod foi lançada em 2007 e faz parte dos modelos chamados pela Harley de "Dark Custom", em que os cromados são substituídos por pintura preta. Já a Muscle é bem cromada e foi lançada em 2008 como modelo 2009. Numa primeira olhada desatenta quase não se nota todas as diferenças, mas são muitas. A Muscle é muito mais encorpada, algo como "O Incrível Hulk". Seu tanque (falso, explico mais adiante) é bem largo, assim como as tomadas de ar, cobertura/entrada do radiador e pára-lamas dianteiro e traseiro. As rodas tem um desenho mais robusto e o guidão mais grosso, com desenho totalmente diferente, assim como o painel de instrumentos. As luzes de direção e a lanterna traseira são de LED. Um toque legal são as luzes de direção dianteiras integradas nos retrovisores. A diferença mais notável é o escapamento que na Muscle é duplo com uma longa ponteira de cada lado.

Eu entendo que esse escapamento seja parte importante no seu design, dando a impressão de ela ser ainda mais longa e mais plantada no chão. É uma peça bem bonita e faz um som bom para o meu conceito. Eu até que gosto bastante do som dos escapamentos mais abertos. Mas realmente acho uma falta de respeito com as pessoas ao redor. Odeio quando um arrombado passa na minha rua quando estou tentando dormir. Pelo design e pelo som também eu não trocaria o escapamento da Muscle.

O longo escapamento é um componente essencial no desenho da Muscle

Apesar de muito mais encorpada, a Muscle parece menos esportiva que a Night Rod. Ela pesa 292 kg. Apesar da baixa altura do banco, 705 mm, e de ser muito fácil equilibrá-la quando parada, o longo entreeixos de 1.700 mm e o cáster da dianteira de 34° já dão uma sensação de peso antes mesmo de nos movimentarmos. Como nela tudo é massivo, também tive a sensação de precisar ser mais forte para pilotá-la; ela impõe respeito.

O radiador fica atrás da cobertura que tem entradas laterais, na Muscle as tomadas de ar para o radiador e para o motor são maiores, dando maisrobustez ao modelo. As luzes de direção são incorporadas aos retrovisores


Além do motor novo, a V-Rod também inovou na Harley com o seu quadro hidroformado. Pela primeira vez a Harley adotou um quadro com estrutura externa e aparente e que envolve o motor. Willie G. Davidson, neto do co-fundador das Harley-Davidson, William A. Davidson, e designer da Harley (hoje aposentado) queria uma estrutura lisa e com o mínimo de soldas, resultando em longos tubos dobrados. Porém o processo de curvar os tubos deixa a região das dobras abauladas e irregulares. A solução para resolver as imperfeições foi adicionar mais uma etapa no processo de fabricação do quadro. Após serem dobrados os tubos são acomodados em um molde que é fechado por uma prensa. Com uma das extremidades tampada e injetando-se água a alta pressão pela outra ponta todas as irregularidades e achatamentos do tubo são eliminados deixando a seção circular constante e mais bonita.

Quadro hidroformado e aletas de refrigeração para deixar o motor mais bonito; o logo da marca na tomada de ar do motor que é direcionado para o filtro que fica abaixo da capa metálica onde seria o tanque de combustível nas motos convencionais e que na V-Rod fica embaixo do banco

Willie G. também implicou com o radiador colocado à frente do motor. Não queria uma peça exposta e feia (como geralmente são os radiadores) e então fez a engenharia desenhar uma moldura com entradas pelas laterais canalizando o ar para toda a área do radiador. Deu certo e ficou bem bonito também. O pessoal da Harley ainda me contou que as aletas de arrefecimento do motor, não necessárias no motor arrefecido a líquido, foram mantidas também a pedido do Willie G. para dar mais beleza ao conjunto e não causar estranheza aos olhos acostumados com os motores Harley tradicionais.

Saí da Harley e dei uma volta em São Paulo mesmo, para me familiarizar bem com ela antes de viajar para Sorocaba no dia seguinte. A posição dos pedais bem a frente exige alguma adaptação. Nas primeiras vezes "apoiei" meus pés no ar. Mas logo a gente se acostuma. A posição de pilotar, apesar de diferente, com os pés bem lá na frente e a coluna um pouco curvada para alcançar o guidão, não é desconfortável. Porém não ajuda muito nas curvas. A Muscle é uma devoradora de estradas e amiga de curvas bem abertas. Definitivamente seu habitat não é o trânsito caótico e as ruas esburacadas de São Paulo. Não senti muita segurança em passar no meio dos carros, pelo seu tamanho e pela falta de agilidade, e me resignei a comportadamente ocupar a faixa e o lugar de um carro, acabando com a principal vantagem de uma moto na cidade. Também, como esperado, passei um calor extra nas pernas. E de tempos em tempos o ventilador do radiador liga, o que também é estranho no começo. O mega pneu traseiro não gosta de imperfeições no sentido de rodagem como desníveis leves em emendas de faixas. E a suspensão, esportiva! Mais seca do que eu gostaria. Feita para grudar a moto no chão a 200 km/h, ou para os tapetões americanos. Me senti tenso o na maior parte do tempo. Mas tenho certeza que essa tensão passaria com mais prática.

Tive que parar para uma foto, mas a Muscle ficou impaciente para pegarmos a estrada

Como de fato ninguém compraria uma V-Rod para ficar parado no trânsito, tratei de sair para a estrada no dia seguinte. Aí ela ficou bem à vontade e eu também. Para falar a verdade, fiquei tenso com o meu ímpeto de acelerar. Mas me contive e nossa convivência começou a ser muito prazerosa. Logo no começo da Rodovia dos Bandeirantes me lembrei de uma frase que vi num showroom da Rolls-Royce, algo como: "Potência de sobra e espaço em abundância". Se essa moto tivesse apenas a segunda marcha seu motor daria conta. E se tivesse também apenas a quinta marcha (e última), também daria conta em velocidades acima de 40 km/h. O motor é um espetáculo de elasticidade. Vibra? Vibra, e daí!? Vibra bem menos que os motores das outras Harleys. Entre 3.500 e 5.500 rpm ele é bem liso, e é justamente aí que se anda na estrada entre 110/120 km/h com direito a umas esticadinhas. Para medir a vibração não é necessário nenhum equipamento de precisão. Basta ficar olhando a imagem refletida nos retrovisores. Quando ficam nítidas é porque não tem mais vibração, justamente nessa faixa citada. Fora dessa faixa eu ficava me divertindo com as imagens distorcidas criadas pela vibração. Dariam fotos bem interessantes.

A embreagem tem um sistema antibloqueante que preferi não experimentar, nem por erro. Se descermos uma ou mais marchas em uma rotação alta, a embreagem patina impedindo que a roda traseira trave e a correia dentada fique banguela. É bom saber que o sistema está aí. Outro ponto para a Harley é que agora o meu maior medo ao pilotar uma moto ficou mais brando. Todas as Harleys vendidas no Brasil tem ABS de série na frente e atrás. E nas V-Rod os freios são Brembo. Eu sei que ela pára bem, mas mesmo com esse conjunto eu prefiro manter muita distância de tudo a minha frente. Em carros, em situações sem risco de colisão eu sempre posso abusar dos freios para entender o seu comportamento e limites. Em motos só se descobre o limite caindo. Talvez para os mais experientes não seja assim. Mas eu já fui para o chão uma vez justamente durante uma frenagem e não gostaria de ir de novo.

Bonita de olhar sob qualquer ângulo. E só pelo tamanho do pneu dá pra saber que ela acelera muito

Pesada, baixa, e plantada no chão, ela nos convida à velocidade. É onde ela mostra o seu melhor. Curvas? As bem abertas, fazendo apenas inclinando-se o corpo para um dos lados e rolando sobre o pneuzão. Nas mais fechadas temos que ficar espertos pois ela tende a nos empurrar para fora da curva  Mais uma vez acho que com mais prática dá pra brincar bem mais nas curvas. O limite era claramente o piloto.

Apesar de preferir retões de arrancadas, com um pouco de prática uma
estradinha sinuosa é bem agradável e segura para a Muscle

Peguei a moto com tanque cheio, 18,9 litros, e na primeira abastecida fiz a média de quase 16 km/l. Achei muito bom. Nas próximas a média foi menor. Ainda bem que o pessoal da Harley me mostrou onde fica o tanque; embaixo do banco do motociclista. Fica no meio do quadro, ocupando todo o espaço nessa região até à parte inferior. De plástico, como nos automóveis, bem protegido e ajudando a manter o centro de gravidade bem baixo. No lugar onde normalmente é o tanque, abaixo da cobertura metálica que imita um tanque (imagine uma moto sem tanque!) fica a caixa do filtro de ar, já que as tomadas de ar são logo a frente. Na Night Rod essa capa metálica sai facilmente. Na Muscle ela é presa nas tomadas de ar que por sua vez são presas ao quadro. Não deu para tirar e fotografar. Uma solução bem legal. Perdi muitas foto quando troquei de telefone para a viagem à Serra do Rio do Rastro. Apaguei o cartão de memória antes de baixar as fotos de alguns detalhes e da bomba e hodômetro nos abastecimentos. Uma pena.

Na volta de Sorocaba, depois de visitarmos a concessionária Tennessee, onde estava havendo um grande encontro de Harleys, resolvemos trocar um pouco de motos. Estávamos em cinco motos, a Muscle, duas Fat Boy, uma Ultra e uma Suzuki Boulevard. Eu estava louco para experimentar uma Fat Boy e foi o que fiz. Só de sentar na moto já deu para ver a grande diferença. Com menos cáster parece bem mais solta e a posição é mais relaxada. Me senti menos tenso. Saímos do posto e já logo senti uma pegada bem diferente do motor. Vibra bem mais, tem um bom torque, e gosta de ficar ali a 120 km/h. Acima disso a frente fica leve. Na Muscle a frente fica grudada. Na Fat Boy a tocada é completamente diferente e foi impossível eu não me achar o Terminator ao som do Guns and Roses! Preciso de mais tempo com uma dessas descobrir minha preferência. Fat Boy! I'll be back!

A Fat Boy acabou se tornando um ícone, mas a Muscle tem um estilo próprio, se destaca no meio das outras Harleys e no meio de motos de outras marcas. Talvez seja o Corvette das motos. E isso a faz ser desejada. Podemos dizer que ela tem um desenho único. E se eu fosse mulher esse seria o meu meio de transporte, pois não há homem que não olhe para essa moto. Para quem tem baixa estima é um remédio e tanto.

Campanha de lançamento da Muscle, para alguns é muito difícil escolher 

Depois de vários dias de chuva consegui uma brecha para mais uma volta com a Muscle. Dessa vez de São Paulo até Cabreúva por uma estrada bem sinuosa e bacana. Na ida ainda me senti um pouco inseguro nas curvas. Mas na volta, já mais confortável e confiante, desfrutei muito a tocada e prazer de pilotar. Muitas vezes, ao tentar algo novo, acabamos resistindo um pouco por estarmos presos a hábitos, costumes e maneiras específicas de fazermos as coisa. Acontece muito isso ao avaliarmos carros. Estamos sempre muito acostumados com o carro que temos que achamos estranho todos os comandos de um carro de outra marca. Por isso costumo dar muita chance ao novo. Chance de me acostumar e só depois fazer o julgamento. E nesse sentido a Muscle me conquistou.

Rodei ao redor de 600 km com a Muscle incluindo cidade e estrada, também a usei para ir em alguns lugares e eventos importantes. Motão! Excelente qualidade construtiva, um ótimo pacote incluindo os ABS, um design cativante, e uma imagem premium. Além da imagem de alguém mais decolado,  também transmite ao seu dono uma imagem de sucesso.

Até Cabreúva fui bem na maciota, na volta, já mais confiante, curti bem mais 

O preço de tabela da V-Rod Muscle 2014 é de R$ 55.400. Curiosamente, o Brasil é o segundo país onde mais se vende os modelos VRSC / V-Rod com 1.388 unidades vendidas da Night Rod e da Muscle de janeiro a novembro de 2013.

A Muscle é uma moto perfeita? Talvez sim. Ou não. Mas eu sinceramente acho a perfeição chata demais. Prefiro atitude a perfeição, uma dose de rebeldia ao comportamento apático dos perfeitos ou um frio na barriga do que a certeza de que tudo vai correr exatamente como achamos que deveria. Essas imperfeições nos fazem mudar, pensar diferente, experimentar, sair da zona de conforto, ir mais além, pegar desvios, nos superarmos. E nesse sentido a Muscle me proporcionou momentos muito especiais. Valeu! Muito!

Com a Muscle você se obriga a sair da zona de conforto. Vou sentir saudade!

Fotos publicitárias.




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