UM LUGAR, UM PARCEIRO, UM CARRO E UMA VIAGEM

Passo dello Stelvio, a inspiração
Quem aí não gosta de viajar?

Eu trabalho sempre pensando nas próximas férias. Definir um destino para a próxima viagem e fazer os preparativos durante os meses que a antecedem é algo muito prazeroso. Isso é um verdadeiro combustível para a vida, uma esperança, um objetivo, algo que me faz enfrentar o dia-a-dia com mais disposição. 

Esse mundo é tão grande e são tantos os lugares legais que eu gostaria de visitar que já concluí que essa vida não será suficiente. Assim temos sempre que priorizar levando também em conta o tempo de férias e o quanto podemos gastar nas viagens. Eu praticamente posso dizer que trabalho para viajar. Acredito que momentos especiais vividos e sentidos tem muito mais valor que bens materiais. É certo também que alguns destinos são mais difíceis de conciliar com tempo, dinheiro e família. Por exemplo, visitar o Passo dello Stelvio com a família, incluindo uma filha pequena, é um pouco mais difícil que ir para Flórida. 

Mas esse tal de Passo Dello Stelvio já está na minha cabeça faz muito tempo. Desde antes do post do Marco Molazzano logo no início do AUTOentusiastas. Essa passagem talvez seja uma das mais famosas, e aparece em vários programas com vídeos fantásticos ou em matérias com fotos maravilhosas sempre com supercarros fazendo os cotovelos com a traseira escapando. Definitivamente não é uma viagem para ser feita com a família, e por isso ela estava lá, guardadinha em um cantinho especial da minha cabeça (junto com outra para Le Mans), para ser feita em alguma outra oportunidade.

É certo que também, na maioria dos casos, achamos as viagens para outros países bem mais excitantes. Mesmo sendo nativo do país mais bonito do mundo, eu sempre tive tendência a deixar as viagens nacionais para um segundo plano. Estando tudo aí, no "nosso quintal", e com mais facilidade, posso deixar as viagens nacionais para "quando der", como que desprezando o que é mais fácil. Tem outro ponto a favor das viagens internacionais que é a infraestrutura disponível. Parece que é tudo bem mais fácil e seguro. De qualquer jeito, eu não me sinto muito confortável com a minha prática e vivo me questionando isso. Como posso conhecer a Alemanha sem conhecer o Amazonas, que os alemães adorariam conhecer?

Lugar

A matéria que me fez decidir fazer essa viagem
Eis que no comecinho desse ano vi uma matéria numa revista inglesa onde o destino foi o Brazil. Os caras que podem ir ao Passo dello Stelvio com facilidade (e já foram dezenas de vezes), aproveitando que já estavam no Brasil para outro evento, resolveram visitar a Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina dirigindo um Audi R8 (que já avaliamos aqui no AE). Por sua vez, essa matéria foi estimulada pela ação da Red Bull com Rhys Milles que subiu a serra fazendo drift com seu Hyundai Genesis em 2010. O vídeo foi muito popular na época.

O vídeo que tornou a Serra do Rio do Rastro conhecida internacionalmente

Pô, como eu penso no Stelvio sem ter conhecido esse lugar fantástico, aqui pertinho?! Na mesma hora em que li a matéria tirei uma impressão de tela do iPad e enviei para alguns amigos que eu gostaria de ter como companhia numa viagem para essa serra. Já logo fiz um planejamento preliminar para a viagem ocorrer em outubro desse ano, aproveitando algum feriado e tirando um ou dois dias de folga. Claro que viagem rápida e sem família, barata, com foco em testar algum carro bacana e conhecer e fotografar lugares fantásticos. Alguns se interessaram, mas com pouca empolgação. Para fazermos coisas diferentes temos que estar dispostos a vencer os diversos receios em sair da rotina. Não é sempre que estamos dispostos a sair da zona de conforto. Algumas coisas mudaram na minha vida e plano para outubro se foi. E mais uma vez uma vontade possível ia ficando para trás em nome de uma acomodação.

No começo de novembro decidi que conheceria a Serra do Rio do Rastro, mesmo que tivesse que ir lá sozinho, o que não seria ruim.

Parceiro

Como meus possíveis parceiros não estavam disponíveis e eu estava decidido em viajar, resolvi convidar meu pai. Faz tempo que penso em viajar com ele e agora é a hora. Outra chance assim não vai acontecer.

Desde que cresci e ganhei minhas próprias asas, o contato com o meu pai não tem sido nem freqüente e nem próximo. Pelo menos no campo físico. Deve acontecer com vocês também de estarem com seus pais todos os dias sob diversas formas. Meu pai é a figura mais importante na formação do meu caráter, e apesar de maduro, meio que inconscientemente tudo o que faço passa por uma avaliação dele (ou da parte dele que está em mim), que junto com minha própria avaliação me ajuda a seguir uma linha de conduta, a ser o que eu sou. É um sentimento estranho. Quando estamos juntos, mesmo sem falarmos muito (homens não se falam muito mesmo) eu sinto o que ele quer me dizer e acho que ele sente o que eu gostaria de lhe dizer. Palavras não dão conta disso. Mas desde que ele foi morar no Guarujá, faz um bom tempo, sinto falta da presença física. Eu gostaria de fazer mais coisas com ele, do jeito que fazíamos quando eu era criança. Brincar de de carrinho, pular na cama, ir à praia, tomar sorvete, andar de bicicleta, assistir filmes de ação e dirigir ao lado dele e com ele do meu lado. Coisas que a rotina adulta acaba nos privando, e agora eu faço com a minha filha.

Meu pai não é um entusiasta nato. Ele gosta de bastante de carros mas é muito prático para demonstrar paixão. Mas sempre se empolga muito com o assunto. Ele sempre trabalhou com vendas e teve carro da empresa. Foram vários Opalas nos anos 1970, diversos VW como Passats (incluindo um Pointer) e Santanas nos anos 1980, e nos 1990 foram Monzas e um Versalles Ghia 1994, que ele me deu quando me casei em 1996. Vendi e comprei um Corsa 1,0 completinho! Nunca fui muito fã de carro grande e de todos que ele teve o melhor foi o Pointer, que ele me emprestava. Já nos anos 2000, aposentado, ele teve Gols e Toyotas, Corolla e Fielder. Agora tem um Corolla S 2007. Nunca teve um carro realmente bacana, esportivo ou de luxo. Como ele é muito prático, não faz tanta questão de carros supercompletos. Ele sempre dizia: "quanto mais coisa tem, mais coisa pra quebrar".

Apesar de eu ser autoentusiasta, de certa maneira eu penso como ele. Adoro tecnologia, mas prefiro o básico bem-feito, sem exagero no preço, do que sofisticação total. Se bem que agora com esse fenômeno dos carros compactos supercompletos eu estou até gostando de alguns confortos. Mas o mais importante é que sei passar muito bem apenas com o simples, graças ao meu pai. Pensamento recorrente que tenho é sobre por que precisamos de algo maior que um 4-cilindros com 120-130 cv, espaço para 4+1, com uns 300 litros de porta-malas, num tamanho não muito maior que 4 metros, num formato de perua alta (ou crossover). Isso deve atender mais de 80% de todos os que precisam de um carro, ou melhor, um meio de transporte. É claro que se eu pudesse ter um carro que não fosse apenas usado para transporte, um carro especial, só meu, numa garagem só pra ele, para ser usado com prazer e sem estresse, esse carro seria diferente disso. Hoje esse carro poderia ser um Mustang Boss 302, desse novo, ou um MINI Coupé JCW.

Meu pai (dentro) e meu tio como dois garotões empolgados com o 335i

A ideia de fazer uma viagem com ele veio também no começo desse ano quando eu fui visitá-lo no Guarujá com um BMW 335i. Toda vez que eu vou pra lá com um carro diferente ele gosta de dar uma volta e passar na casa do meu tio. Dessa vez meu tio estava lá e fomos os três da praia do Pernambuco até o Perequê. Os dois setentões (meu pai está com 68) simplesmente ficaram alucinados com o carro. Nunca tinham dirigido algo tão potente, tão tecnológico (o carro tinha até HUD – head-up display) e tão luxuoso. Pareciam dois garotões de 18 anos deslumbrados com uma máquina fantástica, coisa de filme. Eu fiquei impressionado e feliz pela reação deles. Então quem poderia ser o melhor parceiro para essa viagem senão o Zeca, meu pai?

Carro

Com a viagem decidia e o parceiro escolhido, agora falava o carro. Quando idealizei o passeio pensei em algum esportivo ou carro mais bacana, como o Boss, para viver uma aventura bem diferente. Um carro de tração traseira, para eu pelo menos imaginar que poderia fazer um drift na Serra caso eu quisesse! Um carro com bastante emoção e atitude. Porém, como acabei decidindo tudo um pouco em cima da hora fiz alguns contatos mas não foi possível conseguir um carro como o Mustang ou o BMW 335i, ou até o R8 como da matéria inglesa. OK, sem problemas. A Nissan, pela área de imprensa, gentilmente nos cedeu um Altima 2,5 SL.

"Quer saber de uma coisa?", pensei comigo tentando me convencer. "Esse carro é bacana para essa viagem". Tem um rodar macio, pneus e rodas 17-pol. que não vão se desintegrar nos buracos que posso encontrar, é muito confortável para nos acomodar bem em percursos longos, além de um desempenho bem interessante. Só é bem maior do que eu gostaria. Mas tem uma caixa de câmbio CVT que me interessa bastante e é muitíssimo bem-servido de equipamentos, inclusive com sistema de navegação. Com esse carro acho que haverá um equilíbrio maior entre desfrutar a viagem, a companhia do meu pai e uma direção mais calma e confortável. Já imaginou o tamanho da excitação de eu estivesse de Boss?

O Nissan Altima 2.5 SL será o nosso amigo durante a semana

Na sexta-feira passada, anteontem, peguei o carro. Andei muito pouco com ele até agora, mas já tive uma excelente impressão. Gostei muito do conforto e da facilidade de uso do sistema de navegação e áudio. Acho muito grande para o meu gosto, mas o espaço interno é imenso. Mas não vou falar muito disso agora pois a avaliação durante a viagem vai se tornar outro post. Quem quiser relembrar a avaliação do Altima por ocasião do recente lançamento pode ler o post Nissan Altima, médio-grande que agrada

Viagem

O ponto de partida e de chegada é a casa do meu pai no Guarujá. Vamos sair amanhã, dia 26, terça-feira, e voltar no dia 29, sexta-feira. Para fazer as coisas com calma, na ida vamos parar uma noite em Camboriú. No dia 27 saímos e vamos até a Serra do Rio do Rastro onde dormiremos num hotel bem na serra. No dia seguinte, 28, vamos para Curitiba, onde pretendo visitar o Museu do Automóvel e passaremos mais uma noite. E por fim, no dia 29 voltamos para o Guarujá. Sem pressa e sem aperto de tempo.

Algumas dicas de leitores que nos seguem no Facebook me ajudaram muito no planejamento, inclusive a incluir uma passagem pela Serra do Corvo Branco, lá perto. Obrigado!

Como agora estou com tempo, pensei em algo diferente para essa experiência. Minha ideia é ir fazendo relatos periódicos, ao longo dos dias, através da nossa página no Facebook e no Twitter. A grande maioria das fotos será feita e postada no Instagram. As fotos e os posts serão feitos por dois aparelhos cedidos pela Samsung, um Galaxy S4 e um Galaxy S4 Zoom que eu também avaliarei durante o percurso.



Dessa maneira todos que se interessarem pelos diversos aspectos dessa viagem poderão acompanhá-la em tempo real ou quase real, se o 3G deixar. 

Por isso convido os leitores a se juntarem as três plataformas que usarei de acordo com a sua preferência. 

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Usando as palavras do Marco Molazzano, "Viajar é preciso, viver não é preciso!", onde preciso nesse caso é referente a precisão. E quem quiser fazer uma viagem bem mais sofisticada, recomendo esse outro post também o MM: Schhhhhhhhhhhweiz.

E esse outro sobre uma estrada que leva o nada ao lugar nenhum: Jabel Hafeet.

PK

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