AUDI A3 SPORT 2-L TFSI S-TRONIC 2011




Leia a avaliação do Bob Sharp no AUTOentusiastas - AUDI A3 SPORT 2-L TFSI S-TRONIC 2011


Sábado passado eu estava no Skype com o Bob quando entre um assunto e outro ele soltou essa mensagem: "Cara, você precisa ver esse Audi A3 Sport 2-litros TFSI S-Tronic double-clutch. É a síntese da perfeição."

Eu logo perguntei: "Está com um? E a dupla-embreagem, gostou?". No BMW M3 que dirigi achei coisa de outro mundo! Desde então eu tenho vontade de andar num Audi desses pra ver como é.

A resposta do Bob: "É uma coisa fabulosa. Nem precisa usar manual. A troca automática é perfeita e se pode escolher entre normal e sport. Passe aqui, deixe o whatever na minha garagem."

Whatever não é coisa que se escreva num post, mas só deixei porque achei curiosa a maneira de, num papo de Skype, o Bob usar esse termo em inglês para dizer "o carro com que você estiver", que ele não sabia qual...

O papo se alongou um pouco, mas no dia seguinte, às 7:45 eu estava na casa do Bob para pegar o Audi. Por uma dessas conexões de pensamento eu já sabia a cor do carro sem ele ter me dito. Sai ele da garagem ao volante do hatch branco.

Olho para o carro e, a Audi que me desculpe a franqueza, ele não me empolga. Um carro absolutamente normal, sóbrio, germanicamente discreto. Dei uma volata ao seu redor e sua esportividade se resumiu ao conjunto rodas/pneus, rodas cinza escuro com pneus 225/45R17, e a um pequeno spoiler no topo da tampa traseira. Só! Os faróis também me chamaram a atenção, como em todos os Audis mais modernos. Mas o que impressiona é a qualidade na construção. O Bob adorou o estilo justamente por ser discreto. OK, não o achei ruim, só prefiro algo que demonstre mais atitude.

Dei uma olhada rápida no interior, todo preto, e com bancos esportivos revestidos em couro. Interessante. Abri o capô para tentar me excitar um pouco mais. Vejo as quatro argolas, a sigla TSFI (sigla, em inglês, de turbo, injeção de carga estratificada) e várias capas cobrindo quase tudo, inclusive a bateria. O Bob que já tinha se excitado bastante com o carro exclama que são 200 cv com uma curva de torque que fica bem gorda já a partir de 1.500 rpm, 28,5 mkgf de torque máximo. Hum, já comecei a me empolgar. Mas o turbo fica tão escondido que não é possível enxergá-lo. OK, me contentarei em apenas senti-lo.

Dei a chave do Corolla para o Bob, entrei no Audi, ajustei tudo e saí andando. Aí aconteceu um problema de calibração. Isso mesmo, calibração dos meus sentidos. Eu ando de Corolla automático todos os dias. Sabemos que o Corolla é concebido para um público bem diferente dos entusiastas – o problema é que além de entusiasta sou muitas outras coisas, como marido, pai, profissional e por aí vai. O Corolla é bem confortável, muito silencioso, roda suave e macio. Essa é minha referência.

Logo que sentei no Audi notei uma pressão causada pelos suportes laterais no assento e no encosto do banco. E quando saí, antes mesmo de me empolgar com o conjunto motor-caixa, me senti num carro de rolimã. Fiquei espantado e segui em direção ao encontro de antigos ABC Old Car no campus Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul, para tirar a ferrugem do esqueleto e fazer nova fotos – que logo serão postadas.

Deixei a alavanca no modo automático, conforme o Bob havia dito. Ao arrancar no primeiro semáforo os pneus dianteiros “cantaram”. Por um segundo achei estranho fazer isso num carro automático. Mas a ficha caiu logo, é uma caixa automatizada, com embreagem, duas por sinal. Eu não sabia se brincava com o câmbio ou com o motor.

Eu queria observar o turbo entrando em ação. Mas é impossível! Primeiro, porque a qualquer relada mais fortezinha no pedal do acelerador a caixa já reduz numa fração, talvez milesimal, de segundos e a rotação do motor sobe de imediato. Coisa linda de sentir. São seis marchas que se alternam dependendo da pressão do pé direito sem serem percebidas. Ao menos no acoplamento, pois nas acelerações e retomadas a sensação é intensa. Peguei um retão e coloquei a sexta para ver se conseguia perceber quando entra o turbo. Mas não dá mesmo. Desisti de querer saber isso e passei a imaginar motor e caixa como uma peça única operando com uma precisão irritante.

Peguei a Anchieta e me senti numa Autobahn. Só não foi mais real porque havia mais uns gatos pingados que não estavam, ou melhor, não tinham condições de vivenciar a minha experiência ultrassensorial. Nessa condição o A3 é impressionante. Poucos carros transmitem tanta segurança e confiança como ele. Tração, suspensão e direção falam todos a mesmíssima língua. Numa condição de pista totalmente livre eu não teria receio de continuar até o fim da escala do velocímetro.

Daí para frente passei a entender melhor a necessidade dos suportes laterais nos bancos e da suspensão de carrinho de rolimã... Esse A3 Sport 2-L TSFI é um carro esportivo! Um foguete! E disfarçado de garoto comportado.

Aprendi duas lições: nunca avalie um carro por partes, sempre o conjunto é que define o caráter da máquina, e – esse é velha – mas não se deixe enganar pelas aparências.

PK




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