AUDI RS 6 AVANT, IGNORANTE

Post feito originalmente para o blog AUTOentusiastas.



Tive a chance da dirigir a mesma RS 6 Avant que o Bob já testou e publicou um post: Até que essa perua anda direitinho. Então tenho muito pouco a acrescentar sobre as características técnicas do carro.

Fiquei imaginando como foram as conversas do pessoal da Audi quando pensaram em fabricar esse carro.

Algum cara que não gosta de perder deve ter dito: vamos fazer um carro para acabar com a brincadeira de uma vez por todas. Outro ficou imaginando como seria o cruzamento de um touro bravo com um mula de carga. E ainda pensaram no que o dono de um Gallardo gostaria de dirigir no dia a dia sem perder seu poder.


Também pensei que a RS 6  pudesse ter sido projetada por engano, como uma anomalia fruto de alguma experiência genética. Como se algum engenheiro meio louco tivesse trocado alguns arquivos de projeto de pastas e assim criado um híbrido.

Ou ainda se alguém lá na Audi simplesmente fosse fanático pelo personagem Hulk.

Seja lá o que levou a Audi a fazer esse carro, eu acho que eles partiram para ignorância! E longe que isso tenha sido algo ruim.


A RS 6 Avant é um carro bruto. É grande (quase 5 metros) e pesado (mais de 2 toneladas). Visualmente, apesar de ter um desenho limpo e sem excessos, parece um ser anabolizado. Principalmente pelos para-lamas alargados e as rodas e pneus gigantes.

É um carro duro. As três regulagens de suspensão existentes denominadas comfort, dynamic e sport poderiam ser  duro, muito duro e extra-duro. Parte disso se deve também aos brutais pneus 275/35R20. Eles são uma parte essencial para manter a tração - quattro - quando se despeja os 580 cv nas rodas. Mas um outro efeito causado por pneus tão largos e com enorme área de contato com o solo, inclusive nas rodas dianteiras, são as puxadas no volante ao passar por desníveis e irregularidades na pista. Qualquer desnível resulta em mudança de trajetória. Ou seja, não dá para relaxar ao volante desse carro, é uma tensão constante. Claro que num tapetão lisinho essa condição inexiste.


Mas de qualquer maneira, quem de nós conseguiria relaxar com um canhão V-10 biturbo sob o capô? Minha sorte, ainda estou aqui para contar, é que peguei um tráfego muito intenso nas rodovias Dutra e Carvalho Pinto. E foi aí que senti a besta ser um pouco abrutalhada.

Se alguém acha que essa perua é para os endinheirados usarem aos finais de semana com a família está totalmente errado. Não é um carro para quem quer conforto, mesmo que seja repleto de amenidades - talvez um Porsche Cayenne seja mais apropriado. É um carro para acabar com qualquer dúvida sobre o tamanho do poder do seu dono.


Depois de duas horas dirigindo saí do carro completamente quebrado, principalmente pelos bancos, que são excelentes para performance. Pode ser que tensão e estado de alerta que senti durante o tempo todo em que estive ao volante possa ter contribuído para a quebradeira. Uma mistura de sensações e vontades que tiveram que ser muito controladas pela lado racional de meu cérebro.

Claro que é impossível de um ser normal como eu e numa via pública chegar aos mais de 300 km/h de velocidade máxima. Mas como ainda não inventaram de limitar a aceleração - que na RS 6  Avant é menos de 5 segundos de 0-100 km/h - pude me divertir, na realidade chegar ao êxtase, com o meu modo binário de controlar o acelerador.


Outra coisa que me chamou a atenção é a posição do motor. Tem um certo carro - não quero causar polêmica - que tem o motor pendurado atrás do eixo traseiro. Esse Audi tem o motor praticamente pendurado antes do eixo dianteiro. E por isso tem capô e para-lamas de alumínio. O cofre é lindo de ver. mas nídidamente essa experiência genética criou algo estranho. Isso faz o comportamento dinâmico depender de uma grande parafernalha eletrônica e mecânica. Mas tudo bem! Mesmo com toda essa parafernalha a RS 6 Avant me fez lembrar os primórdios dos muscle cars. Cabe no cofre? Então mete aí e depois a gente se vira.


Antes da RS 6 Avant, o carro mais legal que já tinha dirigido foi um BMW M3 com seus míseros 425 cv. Esse, uma máquina de precisão, refinada, perfeita do conceito a execução. Mas se tudo fosse perfeito nesse mundo não existiriam carros tão avassaladores como essa perua. O M3 continua imbatível. Mas a RS 6 seria como se fosse uma amante ardente.


Duro foi entregar o Audi depois de horas ao seu volante e voltar para casa no meu people mover. Meu corpo agradeceu demais o banco macio do meu carro. Mas a sensação que tive nas acelerações me fez lembrar da minha Mobilette e sua transmissão continuamente variável, por correia trapezoidal, que demorava horrores antes de alongar e atingir alguma velocidade.

PK

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