FIAT 500, CANDIDATO A MELHOR AMIGO

No blog AUTOentusiastas publicamos um post a "oito mãos" sobre o novo Fiat 500. O texto abaixo é a minha parte do post. Se quiser ler a avaliação completa que inclui textos do Bob Sharp, Carlos Zilveti e Felipe Bitu, clique no link aqui.


Candidato a melhor amigo

Assim como o VW Fusca de 1938, o Citroën 2CV de 1948 e o BMC Mini de 1959, o 500, ou Cinquecento, de 1957 também teve um papel importante na massificação do automóvel. Em 1957 a Fiat pretendia que os milhares de “vespeiros” pudessem substituir suas Vespas por um automóvel ágil, porém bem mais seguro que um scooter (motoneta), e que também servisse para a família. O Sr. Ratam Tata, portanto, não é nenhum gênio com o seu Nano. É apenas mais um visionário buscando a motorização de seu país. E assim nasceram carros bem compactos, duráveis, baratos e interessantes.

O Fiat 500 é um carrinho simpático. Parece um filhote de algum bichinho desses que minha filha gosta. Dá vontade de ser seu amigo! Assim que vi o Zilveti chegando nele abri um sorriso. Incrível como o 500 não tem nenhum traço de agressividade.


O Bitu já estava comigo esperando pelo Zilveti e enquanto conversávamos eu imaginava como ele caberia no 500. Aí tive a primeira boa surpresa, o 500, apesar de pequeno, acomoda dois adultos grandes e pesados, como eu e o Bitu, sem maiores complicações. Mas isso não impede de nos sentirmos num casulo, na verdade numa célula de sobrevivência, com seus 7 airbags (dianteiros, laterais, janelas e de joelho para o motorista). O banco traseiro é para crianças ou adultos subnutridos e o porta-malas, bem pequeno. O mais incrível, é que perto do 500 original, o novo é bem anabolizado.

O interior é muito agradável, principalmente pelo painel com apliques de plástico na mesma cor da carroceria. O desenho dos componentes é muito bonito, moderno, jovial e simples! A impressão de qualidade é positiva. Mas um olhar mais atento nota que a excelente aparência não esconde o foco no baixo custo, o que sinceramente não é um problema para mim se o carro não custasse a partir de 63.860,00 reais aqui no Brasil. Senti falta da regulagem de altura do cinto e da tampa do porta-luvas. O manual e toda a literatura de bordo têm um invólucro específico para eles no porta-malas.

Os comandos são bem à mão e um botão chamou a atenção, “Sport”, mas depois falo dele. O ponto H, altura do quadril, é bem alto. A sensação de altura é aumentada pelo fato de não enxergarmos a frente do carro, que é bem curta. A visibilidade à frente e para trás é ótima. Os retrovisores externos, além de grandes, estão muito bem posicionados. O grande mostrador central que acomoda o velocímetro e o conta-giros concêntricos dificulta muito a leitura das rotações do motor.


Resolvemos testar o 500 num ambiente similar ao seu país de origem. Numa estrada nas montanhas com muitas curvas fechadas. O mais próximo disso em São Paulo é a subida para o Pico do Jaraguá. Minha primeira descida e subida foi ao lado do FB. Juntos somamos quase 250 kg. No banco do passageiro eu fiquei frustrado e não consegui me divertir. Ao volante, e sem o Bitu, o conversa foi diferente. Iniciamos nossa amizade.

O tamanho diminuto e a concentração de massa (930 kg) colocam o centro de gravidade bem no centro do carro. Parece até que da pra sentir o CG ali, bem pertinho do banco, tamanha é a agilidade nas curvas. O botão “Sport”, já acionado, diminui a assistência da direção e deixa a resposta do acelerador mais rápida.

Se o motor 1,4-litro de 100 cv não empolga muito, também não faz feio. Ele grita bem e o som invade a cabine. Se ao menos esse som fosse legal! A direção é muito rápida (2,5 voltas de batente a batente) e precisa, mas não chega nem perto da do Mini em envolvimento. Parece que entre o volante e as rodas há uma junta elástica bem molezinha. A suspensão é bem acertada. Com esse peso tudo fica mais fácil. Achei o comportamento bem neutro e o ajuste um pouco mais para o conforto. Os engates que são muito fáceis de fazer e o escalonamento apropriado ajudam a completar a diversão. As marchas parecem ser sugadas pelo trambulador que adivinha nossa intenção de troca. Os freios, a disco nas quatro rodas, são sublimes. O curso do pedal é curto, mas a progressividade é surpreendente.


Tudo isso faz com que ele tenha desenvoltura para contornar as curvas com a agilidade de um ratinho fugindo de um gato. Isso proporciona aquilo que os autoentusiastas adoram: prazer de dirigir. Muito prazer!

Em um trecho da (rodovia dos) Bandeirantes pude explorar bem a o motor, que gosta de altos giros, em retomadas e acelerações. Os apenas 1.030 kg, do carro mais o meu corpo, salvam o 1,4 16V do fracasso. Achei as respostas e retomadas mais que suficientes, embora exijam altas rotações. Confesso que devido a altura elevada (1.492 mm) e o diminuto entre-eixos (2.300 mm) achei que a estabilidade direcional em altas velocidades seria comprometida. Mas ficou só no achismo. O comportamento do 500 em estrada é excelente, e de quebra ainda temos um costureiro de primeira! O ruído interno, reduzido quando se engata a sexta marcha, poderia ser menor, o que denota o baixo custo. Freadas mais incisivas também não causam nenhum susto.

A minha conclusão é que o 500 é um citadino nato, apropriado para o uso urbano e diário, mas que enfrenta viagens sem problemas (para um casal), um belo instrumento de imagem, que chama a atenção dos passantes e causa orgulho ao seus donos, feito sem pretensões esportivas mas que proporciona muito prazer. Enfim, um excelente amigo, melhor amigo.


PK

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